Toda Seleção tem seu Anderson Polga

Como era esperado, a convocação de Luiz Felipe Scolari não foi das mais surpreendentes. Todos sabem o time titular – o mesmo que terminou a Copa das Confederações – e as principais opções que o técnico deve usar vindas do banco. A exceção entre os 23 nomes, é claro, foi a escolha pela zagueiro Henrique, do Napoli.

O próprio técnico admitiu na coletiva após a divulgação dos atletas que o último zagueiro escolhido foi aposição que gerou mais discussões entre a comissão técnica. Ou seja, nas entrelinhas, Felipão indicou que teve de enfiar ex-palmeirense goela abaixo de Parreira e Murtosa.

Não surpreende que a comissão tenha pleiteado outros nomes. Além de Henrique ter disputado apenas 10 jogos no ano e, antes disso, ter vindo de uma Séire B, Miranda vive um momento fantástico no Atlético de Madrid e Dedé e Réver são simplesmente melhores que o defensor do Napoli.

Mas isso não parece ter muita importância para Felipão. Ele conhece Henrique dos tempos de Palmeiras, gosta do futebol dele, sabe que ele também consegue jogar de volante e confia no jogador – motivos mais que suficientes para incluí-lo na Família Scolari.

Não é a primeira convocação para Copa com pelo menos um nome totalmente incompreensível. Pelo contrário, em todo Mundial o treinador leva um desses “caras de confiança”, que não são as melhores opções, mas agradam ao técnico e isso basta. O próprio Felipão garantiu a presença de Anderson Polga no elenco do penta em 2002. Mesmo longe do auge dos tempos de Corinthians, Parreira chamou o meia Ricardinho – com quem trabalhou no Timão – em 2006, deixando de lado o sempre preterido Alex. E Dunga, na última Copa, montou um elenco quase inteiro com nomes desse tipo, como o goleiro Doni, o atacante Grafite e, o mais inexplicável de todos, Kleberson, que sequer conseguia ser titular do Flamengo.

Além da história do “homem de confiança”, deve passar pela cabeça de um treinador da Seleção um certo orgulho, um pensamento de “quem manda sou eu” que o motiva a chamar pelo menos algum desses jogadores discutíveis. Felipão deve ter um prazer de justificar um questionamento sobre a opção por Henrique dizendo “porque eu quis” (embora não o tenha feito com essas palavras).

E a convocação é por aí mesmo. Assim como levará os louros em de uma eventual conquista, Felipão sabe a pressão que sofrerá em caso de revés. Mesmo se tivesse optado por Miranda, Réver, Phillippe Coutinho, Filipe Luís ou algum outro dos jogadores pedidos por imprensa/torcida, as críticas viriam em caso de derrota. Então, já que não há como escapar do barulho se perder, que ao menos exista alguém discutível para que depois ele possa dizer, com toda pompa e ar de quem sempre soube o que fazia, “levei tal jogador e ganhei mesmo assim”. Anderson Polga e sua medalha de campeão do mundo que o digam.

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