Seminário sobre Segurança Cibernética debate ameaças

Durante os dias 1, 2 e 3 de agosto último realizou-se em Brasília — na sede do Comando Militar do Planalto – o V Seminário Internacional para discutir as questões de segurança cibernética no Brasil e em outros países com os quais se estabeleceu parceria nesta área específica da defesa como Portugal, Estados Unidos, Inglaterra entre outros.

O evento se propôs desenvolver relações entre as Forças Armadas com a sociedade civil e a academia. De fato, asseguraram os organizadores do seminário, as guerras de hoje não são como as de antigamente que envolviam basicamente a mobilização de tropas em terra, mar e ar para ocupação de território inimigo ou para a defesa diante de ameaça externa. Na verdade a cibernética transformou de forma profunda as relações entre países em termos totalmente novos.

Neste sentido, o Exército brasileiro considera que o desafio fundamental na esfera da guerra cibernética é que o país precisa dominar toda essa tecnologia e deve estabelecer parcerias com o que a instituição considera os países amigos e com o setor civil nacional, até porque a guerra cibernética envolve diretamente todos os setores estratégicos da Nação, a indústria, a infraestrutura, os órgãos executivos federais, estaduais e municipais. Todos estão comprometidos. Para enfrentar esta ameaça constituiu-se um Comando de Defesa Cibernética envolvendo as três forças armadas, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica.

Como reza o Livro Branco de Defesa Nacional esse Comando é uma organização militar conjunta, na estrutura organizacional do Comando do Exército que foi ativada em 15 de abril de 2016, que tem como principais atribuições planejar, orientar, supervisionar e controlar as atividades operacional, de inteligência, doutrinária, de ciência e tecnologia, bem como de capacitação no Setor Cibernético de Defesa. Os órgãos subordinados a esse Comando são o Centro de Defesa Cibernética e a Escola Nacional de Defesa Cibernética, compostos por servidores das três Forças Singulares.

Cenário de ameaças cibernéticas na atualidade

A partir de um relatório realizado com base em dados extraídos de diversas fontes de notificações de uma grande rede de sensores espalhados pelo Brasil, verificou-se que os ataques cibernéticos no Brasil foram reportados em 3 grandes categorias: negação de serviços; fraudes financeiras e interrupções de redes da internet das coisas.

De maneira geral, as ocorrências de ataques estão relacionadas a dificuldades nas redes, onde as fraudes cresceram nos períodos mais recentes com a utilização de páginas falsas, de sequestros de rotas e varreduras na tentativa de roubo de senhas, na procura de rotas de e-mails anônimos, no envio de mensagens falsas com nomes confiáveis, com ataques a base de dados e roteadores utilizados em infraestruturas críticas de grandes empresas de energia, por exemplo. Os principais problemas verificados nos últimos anos ocorreram durante a realização da Copa das Confederações e na Copa do Mundo de Futebol, onde houve o maior número de ataques. Neste caso, entretanto, foi possível enfrentar estes problemas com a força conjunta do Comando de Defesa Cibernética.

Uma importante constatação que este Comando verificou é que a segurança cibernética ainda não é prioridade em nosso país. São raras as instituições que consideram necessária a observância de um ciclo de atualizações de segurança e em sua grande maioria repetem os erros do passado com a falta de autenticação, e se utilizam de senhas fracas. Pode-se dizer que o Brasil está bastante vulnerável a ataques cibernéticos na atualidade. Ainda mais agora com as restrições orçamentarias e o chamado teto de gastos aprovado no Congresso Nacional como uma das condições do capital financeiro para a permanência do ilegítimo Michel Temer na presidência da República — que levam a cortes de mais de 40% nos investimentos na esfera da segurança e da defesa do país.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor