Quarta-feira ingrata

Pois então, ''Ó quarta-feira ingrata…'' Ingrata? Tem gente ainda que está na folia… Tem boquinha não!

(Luiz Bandeira)
 É de fazer chorar
Quando o dia amanhece
E obriga
O frevo acabar
Oh Quarta-feira ingrata
Chega tão depressa
Só pra contrariar
Quem é de fato
Um bom pernambucano
Espera um ano
E se mete na brincadeira
Esquece tudo
Quando cai no frevo
E no melhor da festa
Chega a Quarta-feira.


 



Estou falando de um dos carnavais ou talvez o carnaval mais democrático de todo o mundo, o carnaval de Pernambuco, onde você tem a opção de escolher o que quer ver, onde quer se divertir… No Pólo Multicultural; Pólo de todos os frevos; Pólo de todos os ritmos; Pólo Afro. Nos Pólos descentralizados, localizados nos bairros mais distantes e periféricos. Pólo Recife Multicultural, ai, muitas opções me deixaram tonta!


 


Em Olinda… Festa 24 horas por dia, nas ladeiras super inclinadas, onde em cada esquina você encontra os personagens conhecidos ou não que transformam esse carnaval num dos maiores de rua!


 


Mas é o seguinte. Vim aqui para além de dizer ''parabéns frevo'' pelos seus 100 anos! Dizer também que faz 10 anos da morte de um dos maiores intérpretes, músico, mangueboy, hip hopper, b.boy… Um representante da cultura mangue beat! Foi elogiado por muitos músicos que subiram no palco nesse carnaval, e quem diria… Eu, que sempre me encontrava cantando todo o repertório do Chico Science e Nação Zumbi, no meio do público, gritando desesperadamente pra ver se era pelo menos notada por um deles e me sentir a própria.
– Ei cara estou aqui olha…!


 


Me ferrando no meio desse público apertado, essa galera me empurrando pra ver vocês… Mas garanto, não existia coisa melhor! Ser empurrada era fichinha diante do prazer de estar ali, sabendo que eu também era uma das peças fundamentais para o reconhecimento do Mangue… Estava ali… Eu era o público. Agora… Posso dizer que dessa vez fui mais uma das vozes que entoou para homenagear Chico. Só que agora eu estava na posição dele, no palco.


 


Poxa! Eu ficava pensando: o cara nem sabia que eu existia… Mas como eu disse, eu fui peça importante nesses anos todos, como todos que curtiram Chico, e ainda curtem, para o crescimento dessa cultura… Pra hoje cantar  “A cidade não para a cidade só cresce, o de cima sobe e o de baixo desce”, e ouvir o público num só refrão, todos juntos. Olha só, notei que não era a única a ser empurrada no meio do público há 12, 13 anos atrás!


 


Você sabe o que significa cantar uma música de um cara que você só via de longe, mas que representa uma cidade, uma cultura, um país?


 


Pois, estar cantando hoje me proporcionou muitas coisas especiais, e uma delas com certeza foi essa.


 


E também, não poderia deixar de comentar a presença, em pleno carnaval, de um grande repentista, Ivanildo Vila Nova. Eu o conheci através do Maggo Mc e do Dj Big. Ivanildo na sua simplicidade pegou sua viola e começou a cantoria… Orgulho? Nada, maior que isso é o que?


 


Ele então entoou seus versos, olhei ao redor, principalmente para as pessoas que estavam atrás do palco, familiares dele, amigos e desconhecidos. Todos pararam e ficaram ali observando Ivanildo. Daqui a pouco o Maggo o acompanha e manda também seus versos.


 


E o público? Só aplausos e gritos de delírio. Ivanildo, você fez o show da Confluência ficar maior ainda!


 


Estou falando sobre situações que aconteceram nos grandes palcos do carnaval alternativo, o Rec-Beat. Que  reuniu no primeiro dia DJ Big & Confluência que fazem a mistura do rap com a cultura popular nordestina, Digital Groove que tem entre os músicos um representante da embolada e do rap, Z`África Brasil de São Paulo que dispensam apresentações, Supergalo de Brasília, Zefirina Bomba da Paraíba e o Erasto Vasconcelos.


 


Tive com o Confluência uma grande oportunidades em abrir o Rec-Beat nesse carnaval onde se comemorou os 100 Anos de Frevo. Sabe o que é isso? É ficar na mente sempre, que nos 100 anos de Frevo fizemos um show massa, com pessoas num palco de primeira e com um público simplesmente maravilhoso! O primeiro show do Rec-Beat, com público na expectativa do que viria. Ah! é difícil falar quando se faz parte do grupo.



 
 Falando de experiências, seja em palco grande, palco pequeno, palanque, no chão, ali, aqui ou acolá… Todas as experiências desses shows foram mágicas. Todas, sem exceção. Sabe, a aceitação do público é a lavagem d’alma.


 


Os abraços dados na gente é o que instiga. As crianças curiosas pra ver o DJ fazer o back to back… Melhor ainda, quando alguém se identifica com seu som. Então, isso me agrada e sei que agrada ao Confluência.


 


Salve sempre a CFN…
E o hip-hop com seus elementos, que em qualquer comemoração, é bem vindo!

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