Propulsão nuclear e soberania nacional

Nosso país não está em guerra, nem há nenhuma ameaça à vista. Pelo menos por enquanto. Podemos falar assim, pois no passado já guerreamos; e, além disso, no mundo atribulado de hoje, nação nenhuma está a salvo de conflitos. Sobretudo quando detém riquezas

Daí a temeridade que é nossas Forças Armadas ostentarem uma enorme defasagem entre a dimensão do nosso território e a extensão da costa e da fronteira e o tamanho dos nossos efetivos – um dos menores dentre os países grandes e médios. Com um agravante: armas e equipamentos obsoletos.


 


 


Demais, persiste, no Orçamento Geral da União, no governo Lula, a anemia de recursos destinados às Forças Armadas, herdada de governos anteriores. Mesmo a previsão de 10 bilhões ano para o Ministério da Defesa – cifra que especialistas consideram insuficiente – tem esbarrado nas resistências do ministério da Fazenda.


 


 


Recentemente, o próprio presidente, falando aos chefes das três corporações, reconheceu o problema e prometeu corrigi-lo.


 


 


E na última terça-feira, anunciou que investirá R$ 1,04 bilhão no Centro Experimental Aramar, do Centro Tecnológico da Marinha, em Iperó (SP), para o desenvolvimento de pesquisas de propulsão nuclear de submarinos. O desembolso mensal será de R$ 130 milhões por ano ao longo dos próximos oito anos.


 


 


Quem sabe possa acontecer, daqui por diante, um processo de gradativa liberação de recursos do plano de reaparelhamento das Forças Armadas, em que estão previstos investimentos de até R$ 16 bilhões para a aquisição e modernização de equipamentos militares. Com foco nas prioridades definidas por cada comando militar: R$ 7,7 bilhões para a Aeronáutica até 2012, R$ 4,3 bilhões para a Marinha até 2011 e R$ 4 bilhões para o Exército até 2009.


 


 


Não se trata, obviamente, de preparação bélica. Mas são emblemáticas as palavras do presidente: “Se estava faltando o dinheiro, não vai faltar mais porque nós vamos colocar o dinheiro necessário. Por que não sonhar grande e dizer que nós queremos chegar até a possibilidade de ter um submarino nuclear?”


 


 


O presidente também relacionou a decisão com a recomendação do Conselho Nacional de Política Energética, no sentido de ampliar o peso da energia nuclear em nossa matriz energética. E ninguém medianamente informado ignora a importância da diversificação de nossas fontes e modalidades de energia em função do desenvolvimento econômico sustentável.


 


 


Assim, o governo pratica um gesto a um só tempo em favor do desenvolvimento e da soberania nacional.

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