População é poder

A China, um país com 1 bilhão e 300 milhões de habitantes, está estudando a revisão da política do filho único, e não por ter gente de mais, e sim porque a faixa etária de mais de 60 anos está aumentando e a de jovens em idade de trabalhar, diminuindo. Numa sociedade produtiva, a fatia da força de trabalho deve ser superior à de crianças e idosos inativos – daí a preocupação dos chineses.

Quando o país mais populoso do planeta acende esse sinal de alerta, é hora de o Brasil também rever os rumos que a população está tomando, pois se estima que em 2050 haverá menos brasileiros do que hoje.

Para que a população não diminua, a taxa de fecundidade das mulheres, entre 15 e 49 anos, deve ser de 2,1 filhos. Mas a fecundidade está diminuindo e a expectativa de vida, aumentando. De 6,16 em 1940, a taxa baixou para 1,9 em 2010 e em 2013 chegou a 1,7. Temos a cada dia menos crianças e mais idosos, em geral aposentados, o que significa maiores gastos com previdência e saúde.

Problema estratégico, não deve ser relegado ao futuro, mas incorporado imediatamente à agenda do presente. A Europa cometeu esse erro no passado e sua taxa de fecundidade chegou a 1,5. Agora, governos oferecem às famílias bônus de toda sorte para que tenham filhos, inclusive a bolsa-bebê. Na cidade portuguesa de Pampilhosa da Serra, o primeiro e o segundo filhos rendem R$ 4,5 mil, e a partir do terceiro os pais recebem R$ 15 mil. Uma alternativa é a imigração, mas o noticiário mostra que países europeus estão barrando brutalmente a entrada de estrangeiros.

Planejamento familiar é uma prerrogativa dos cidadãos. Toda família tem o direito de decidir quanto filhos deseja, mas política demográfica é assunto de Estado. A população deve ser compatível com um país de território continental, coalhado de riquezas naturais (florestas, terras agricultáveis, água, minérios) e um protagonismo geopolítico em ascensão. Gente, o maior capital de uma nação, é poder.

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