Pitacos sobre a estreia brasileira na Copa

Após sete anos de muita espera, debates, palpites e especulações, a Copa do Mundo no Brasil finalmente começou. O time da casa fez valer o apoio da torcida na Arena Corinthians e (com ajuda do juizão japonês) e conseguiu superar o bom time da Croácia por 3 a 1. Houve pontos positivos e negativos no primeiro jogo do Mundial. Vamos a eles:

– A evidente emoção dos jogadores durante a realização do hino cantado por 60 mil pessoas dá a dimensão da importância que uma Copa tem. Julio César já é veterano, passou por quase tudo no futebol, jogou Copa, ganhou Champions League e ainda assim derramava lágrimas como um menino. Essa motivação de atuar em casa pode ser fundamental para as pretensões brasileiras.

– O time da Croácia é bom. Montada pelo técnico Niko Kovac num 4-4-2 clássico, com duas linhas de quatro bem à frente da área, a seleção balcânica dificultou muito a criação do Brasil. Com disciplina tática, os 11 jogadores marcavam atrás do meio de campo. Os dois atacantes eram os primeiros defensores. No meio, os dois jogadores centralizados, Modric e Rakitic, têm boa qualidade para marcar, o que faz os croatas saírem com velocidade logo que roubam a bola. Se o centroavante Mandzukic estivesse em campo, a missão brasileira seria ainda mais difícil. É favorita absoluta a avançar à segunda fase com o Brasil.

– Não dá para culpar Marcelo pelo gol contra. Após o cruzamento rasteiro de Olic, o atacante Jelavic furou feio. Algo inimaginável também para Marcelo, que quando se deuconta já tinha empurrado a bola para o fundo da rede.

– O que dá para questionar sobre Marcelo – e também Daniel Alves – foi a falta de apoio pelos lados do campo. Marcas registradas de ambos, não conseguiram ser efetivos com seus pontos fortes. Se não forem efetivos pelos laterais, podem perder a posição para atletas com características mais defensivas. Alves corre mais riscos, já que a concorrência com Maicon é mais acirrada.

– O primeiro gol da Seleção Brasileira, de Neymar, de fora da área, aconteceu justamente no único momento da primeira etapa em que a Croácia não estava montada com as duas linhas de quatro na frente da área. Quando ganhou a dividida no meio de campo, Oscar acabou desmontando o setor adversário. No momento em que Neymar recebeu havia apenas os zagueiros adiante. Por isso ele teve espaço para avançar com liberdade e finalizar. Não pegou bem na bola, mas ela entrou caprichosamente no cantinho.

– Felipão continua depositando grande responsabilidade em Luiz Gustavo. O volante tem que proteger a zaga e ainda cobrir os dois laterais. Tarefa dura, mas ontem ele voltou a realizá-la bem.

– Hulk pela esquerda não rendeu. Faltou entrosamento com Marcelo, faltou receber a bola, faltou criação, faltou aparecer. Como Oscar e Neymar renderam mais, no momento ele é o mais ameaçado do setor ofensivo.

– Foi vergonhoso o pênalti marcado pelo árbitro japonês Yuichi Nishimura a favor do Brasil. Fred desabou na área e o juiz caiu na dele. Na hora, por qualquer ângulo, a impressão foi de simulação. A revolta croata foi mais que justa. A penalidade foi fundamental para o Brasil construir o resultado, já que a desvantagem fez a Croácia abandonar o esquema defensivo e partir com tudo para o ataque. Exposta, a seleção visitante acabou cedendo o contra-ataque que resultou no gol definitivo de Oscar. Por sinal, o lance do pênalti foi o único em que Fred apareceu durante toda a partida.

– Falando em Oscar, o meia utilizou o jogo de para calar boa parte da imprensa que dizia que ele estava em má fase e queria Willian no meio-campo. O camisa 11 foi quem mais desarmou pelo Brasil, participou do primeiro gol e fez o terceiro. Teve disciplina tática ao atuar pela direita, como Felipão pediu. Ele não foi brilhante, nem teve uma atuação épica, mas fez seu papel para a equipe e apareceu em momentos marcantes. Oscar precisava de uma atuação em que tivesse protagonismo para ganhar confiança. Foi o que aconteceu contra a Croácia.

– A principal mudança tática que Luiz Felipe Scolari realizou foi tirar da esquerda e centralizá-lo. O técnico deu liberdade total ao camisa 10, que podia buscar o jogo onde quisesse. Até do lado dos zagueiros ele apareceu para receber a bola. Nas poucas vezes em que o Brasil teve que se montar defensivamente, Hulk e Oscar recompuseram o meio pelas laterais, e Neymar ficou na frente ao lado de Fred. O camisa 10, por sua vez, não fugiu da responsabilidade e teve iniciativa para tentar decidir, como, de fato, decidiu. Tudo indica que Felipão aposta suas fichas no jogador mais talentoso do Brasil e quer que o time jogue em função dele. A partida contra a Croácia sugere que o Brasil irá até o lugar onde Neymar conseguir conduzi-lo. Na estreia, funcionou.

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