Os movimentos sociais e o Governo Federal

Os movimentos sociais, como grupos de pressão, devem pautar suas relações com os governos pela autonomia e independência, seja quem for o presidente da República. As ações e lealdade podem e devem ser programáticas, táticas e estratégicas, mas nunca devem

As decisões de governos, invariavelmente, sofrem pressão e influência das forças políticas, econômicas e sociais, e os movimentos sociais que deixarem de se mobilizar em favor de seus pleitos, desejos e aspirações, estarão – direta ou indiretamente – renunciando à razão de sua existência.


 


 


No presidencialismo brasileiro – que exige a formação de coalizões partidárias para assegurar maioria no Congresso – o Chefe do Poder Executivo não toma decisões por lealdade a origem profissional ou amizade, mas em razão da correlação de força, de disputas e de penosas negociações com as forças políticas, econômicas e sociais.


 


 


Quando, por qualquer razão, um movimento social oferece seu apoio a qualquer governante de modo acrítico, sem estabelecer como contrapartida o compromisso com o ideário defendido pelo segmento que representa, estará correndo o risco de ser anulado, tragado, cooptado ou de virar platéia, torcida ou massa de manobra do governante.


 


 


O exemplo do primeiro mandato do presidente Lula, cuja trajetória política se confunde com as causas dos movimentos sociais, é muito ilustrativo. Muitos setores do movimento social, imaginando estar ajudando o Presidente, deixaram de pressioná-lo e, em alguns casos, passaram a considerar como oposição críticas corretas às políticas governamentais, abrindo uma avenida para que os setores conservadores pressionassem e arrancassem do Governo decisões que jamais conseguiriam caso os setores sociais estivessem disputando o conteúdo dessas políticas, fazendo o contraponto.


 


 


Passados três anos e meio de gestão do Governo Lula, esses setores começam a perceber que não basta pertencer ao partido ou ao grupo político do Presidente, é preciso pressionar e disputar propostas. A luta dos caciques pelo poder, sem preocupação com as políticas implementadas, além de desmobilizar os movimentos, produz grandes estragos na capacidade de fazer política, com o “p” maiúsculo.


 


 


É hora, portanto, de definir posições, firmar convicções e também apoiar candidatos, porém sempre vinculando esse apoio aos programas de governo. A melhor forma de ajudar um candidato é apresentar a ele propostas e idéias e convencê-lo sobre a necessidade de incluí-las no programa de governo Uma vez eleito, o papel do movimento social é cobrar a implementação do programa do governo, pressionando-o e, se necessário apoiando-o, para assegurar a transformação do programa em políticas públicas.

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