Os crimes de guerra dos campos de concentração de japoneses nos EUA

A internação de japoneses nos campos de detenção nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial: um episódio vergonhoso e inaceitável de violação dos direitos humanos.

Foto: reprodução/coisas do Japão

Durante a Segunda Guerra Mundial, uma das páginas mais sombrias da história dos Estados Unidos foi escrita através dos campos de concentração de japoneses que foram estabelecidos em solo estadunidense. Este episódio vergonhoso e controverso marcou a violação dos direitos humanos de inúmeras famílias japonesas, que foram brutalmente detidas em centros de detenção por motivos de raça e origem étnica, sob o pretexto de proteção e segurança nacional,

O contexto da Segunda Guerra Mundial foi marcado por intensa tensão entre o Japão e os Estados Unidos. A agressiva política expansionista do Eixo, formado por Alemanha – Itália – Japão, e a posterior entrada dos EUA na guerra, após o ataque da marinha japonesa a Pearl Harbor em dezembro de 1941, possibilitaram a amplificação de um clima de medo e paranoia nos americanos, que já era construído em todos os meios de comunicação de massa do país há tempos em relação a outras culturas e povos.

Em 1942, o presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, assinou uma ordem executiva que permitia a remoção forçada e internação de japoneses e descendentes que habitassem em zonas costeiras consideradas áreas de segurança nacional. Cerca de 120.000 japoneses e americanos de ascendência japonesa foram afetados por essa medida, a maioria dos quais eram cidadãos americanos de origem japonesa, vários nascidos nos EUA.

Os campos de concentração, conhecidos como campos de detenção, foram estabelecidos em locais remotos e precários. Armazéns abandonados, estruturas militares temporárias e campos de prisioneiros de guerra foram rapidamente adaptados para esse fim. As condições nos campos de detenção eram desumanas, com superlotação, falta de privacidade, higiene inadequada e acesso limitado a serviços básicos. Os internos foram privados de liberdade, seus bens foram confiscados e suas vidas foram drasticamente interrompidas.

Embora o governo dos Estados Unidos defendesse essas ações como uma medida de segurança, com a intenção de evitar qualquer potencial colaboração entre japoneses nos Estados Unidos e o império japonês, a realidade é que as evidências que justificassem a necessidade dessas detenções não existiam.

A grande maioria dos detidos eram cidadãos estadunidenses, que não representavam uma ameaça à segurança interna, mas sim vítimas de preconceito e xenofobia. Tal preconceito se fazia presente nas capas das revistas em quadrinhos, jornais e grandes revistas de notícias, que retratavam os povos de descendência oriental, em particular os chineses e, depois da Segunda Guerra, os japoneses de maneira pejorativa, eram representados como uma ameaça ao modo de vida americano. Vale lembrar que chineses e japoneses são vítimas do preconceito nos EUA junto com os negros desde que o país foi fundado, com uma segregação que adentra ao século XX, a própria Ku Klux Klan perseguia descendentes e imigrantes orientais, além de negros e latinos.

A internação em massa de japoneses nos campos de detenção durante a Segunda Guerra Mundial é considerada hoje um dos maiores crimes perpetrados pelos Estados Unidos durante conflitos armados.

Posteriormente, em 1988, o Congresso dos EUA reconheceu oficialmente que a internação foi uma “grave injustiça” e promulgou uma lei que previa reparações financeiras e um pedido formal de desculpas aos sobreviventes que haviam sido detidos e às suas famílias, algo que efetivamente não aconteceu de maneira ampla, ou que conseguisse otimizar os prejuízos éticos, financeiros e humanitários.

Esse episódio lamentável da história americana serve para nos lembrar dos perigos do preconceito e da discriminação racial, e também de que os EUA não é o “exemplo de democracia e tolerância” tão propalado pelo governo do país quando quer atacar outras nações do mundo e seus regimes.

É um lembrete de que devemos estar vigilantes para que nunca mais tais violações dos direitos humanos ocorram novamente, em particular nos EUA, um dos países mais racistas do planeta até hoje. Precisamos aprender com os erros do passado para construir um futuro mais inclusivo e equitativo para todos, por isso tais episódios devem ser lembrados para que nunca mais se repitam.

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