O primeiro sinal do segundo governo

Ocupam espaço privilegiado no noticiário as especulações acerca da composição do ministério do segundo governo Lula. Em certos casos, entre a fantasia de alguns, que plantam balões de ensaio nas colunas dos jornais, e a realidade há uma distância abissal,

“Como distinguir entre a mera especulação e aquilo que tem fundo de verdade?”, você, caro leitor, poderia perguntar. “Só Deus sabe”, seria a resposta. Ou, melhor dizendo, só quem sabe é o próprio Lula, pois o presidente chamou a si o comando das negociações, o que fez muito bem, sem delegá-lo a ninguém, como ocorreu com o então presidente do PT, José Dirceu, na montagem do primeiro governo.


 


 


Entretanto, é possível, sim, estabelecer algumas hipóteses com base num conjunto de variáveis que estão a atuar nesse instante – entre as quais a necessidade de conslidar a base política do governo. Não exatamente para saber se Fulano ou Sicrano vai ser mesmo ministro, como se especula. Mas para identificar a lógica predominante na montagem do primeiro escalão.


 


 


Vejamos duas hipóteses, para simplificar o nosso raciocínio.


 


 


Hipótese A: o ministério continuaria ocupado fundamentalmente por quadros petistas, reservadas apenas algumas cadeiras secundárias a membros de outros partidos ou a personalidades importantes da vida social. Nesse caso, o presidente teria soçobrado diante das pressões advindas do seu partido e enveredado por um caminho estreito, pondo em risco as condições de governabilidade.


 


 


Hipótese B: o novo ministério teria uma composição ampla e plural, incluindo além do PT, do PCdoB e do PTB, que já fazem parte da equipe, o PMDB, por exemplo. Aí o presidente estaria ouvindo a voz das urnas, levando em conta a boa vontade inicial de vinte dos vinte e sete governadores recém-eleitos e a expectativa positiva que se generaliza na sociedade.


 


 


A hipótese B daria uma idéia positiva de que tipo de governo Lula pretende realmente fazer. Porque não basta reafirmar as consignas “desenvolvimento com distribuição de renda, valorização do trabalho, educação de qualidade e integração do subcontinente sul-americano” – que dão nitidez aos propósitos do presidente. É preciso formar uma equipe credenciada política e tecnicamente para que o governo tenha êxito. Um governo excessivamente petista – hipótese A – careceria das credenciais políticas necessárias, por mais preparados tecnicamente que fossem os escolhidos.


 


 


Assim, a composição do novo ministério, aguardada com tanta expectativa, será o primeiro sinal do segundo governo. E tudo indica que o sinal será promissor, a julgar pelo empenho do presidente nos variados contatos políticos que tem realizado nos últimos dias.

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