O novo livro de Altamiro Borges, o Miro

Em maio de 1992, numa reunião da Diretoria do Sindicato dos Professores de Campinas e Região, a Professora Marise Aparecida de Lima sugeriu que eu participasse de um Curso de Formação de Lideranças Sindicais, promovido pelo Centro de Estudos Sindicais-CES

Sobretudo os companheiros e as companheiras do Nordeste sofreram com a baixa temperatura em São Paulo. Éramos aproximadamente 20 participantes. A temperatura subia apenas quando os debates, as polêmicas do Curso se processavam. Foi uma experiência riquíssima. Mesmo já tendo cursado Ciências Sociais, ali me convenci totalmente da importãncia da leitura , do estudo a que todos os dirigentes sindicais devem se dedicar. O lema do C.E.S. “quem não se forma , se deforma” me acompanha até hoje. Os dias que lá passamos foram fundamentais para eu entender que deveria, logo que possível, me dedicar inteiramente à formação política e sindical.


 


Depois disso, fui Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino-Contee, durante 3 mandatos. Logo que terminei o terceiro mandato, em 2003, a convite do então diretor do CES Batista Lemos, fui participar da Coordenação do Centro de Estudos Sociais. Nessa função, tive a oportunidade de colaborar de forma mais intensa, com o trabalho de formação de lideranças sindicais, iniciado com a fundação do CES, em 1985.


 


Nos Cursos Nacionais de Formação que realizamos sempre contamos com a grande colaboração do Miro. Além de se comunicar muito bem ao transmitir conteúdos fundamentais para compreendermos a conjuntura complexa que vivemos – incluindo-se as grandes transformações no mundo do trabalho – e o movimento sindical, Miro escreve bem e com muita propriedade. Em 9 anos, além de muitos artigos publicados no Vermelho, nas revistas Debate Sindical e Princípios e outros órgão de comunicação, Miro escreveu 7 livros, sendo um deles em co-autoria com o Professor Marcio Pochmann.


 


Vamos nos deter no livro recentemente publicado pela Editora Anita Garibaldi intitulado “Sindicalismo, Resistência e Alternativas”, apresentado pelo Presidente da CTB do Estado de São Paulo e do Sintaema – também participante dos primeiros cursos realizados pelo CES- Helifax de Souza, que diz textualmente” A obra parte de uma idéia básica: de que a correlação de forças hoje é mais favorável ao avanço das lutas dos trabalhadores. Os fatos e análises que justificam esta avaliação são inquestionáveis. Daí a conclusão de que o momento atual permite a adoção de táticas mais ousadas na luta pelos interesses imediatos e futuros do proletariado, de que é possível transitar da resistência para a busca de alternativas ao neoliberalismo,expressão destrutiva do capitalismo contemporâneo”.


 


O livro permite uma atualização de nossos conhecimentos a respeito de temas fundamentais para os trabalhadores em geral e para as lideranças sindicais em particular.Inicialmente, trata da crise pela qual passa o imperialismo estadunidense , tendo seu contraponto nos ventos novos que sopram na América Latina, com a eleição de dirigentes políticos que se contrapõem ao neoliberalismo.Faz um balanço do Governo Lula, apontando avanços significativos por um lado, e , por outro os paradoxos, as iniciativas contraditórias, riscos iminentes e a brutal desigualdade social que ainda atinge o nosso país.Na sequência, há um capítulo destinado ao Estado de São Paulo, que tem sido laboratório e palanque dos neoliberais ,cujo objetivo prioritário é o de voltar à Presidência da República, a partir de janeiro de 2011.Os 3 últimos capítulos se referem basicamente aos sinais contraditórios do sindicalismo brasileiro, ao sindicalismo internacional e os desafios a serem enfrentados diante do Governo Lula. Rapidamente, trata dos avanços do sindicalismo nos anos 80 e dos recuos nos anos 90 e avalia a grande possibilidade de retomada da iniciativa política , a partir de indícios consistentes observados na conjuntura atual.Aponta as causas principais, objetivas e subjetivas da crise do sindicalismo,assim como o posicionamento político tomado pelas várias tendências do movimento sindical diante do Governo Lula.A preservação da autonomia , a intensificação da pressão, a ação com sagacidade evitando o retrocesso,a mobilização, a conscientização, o investimento na formação e a organização são os grandes desafios que o movimento sindical deve enfrentar, com muita força, para claramente retomar a iniciativa política no Brasil.Miro apresenta a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil-CTB como sendo a grande novidade do sindicalismo brasileiro,que defende uma tática de “sem fazer o jogo da direita para evitar qualquer risco de retrocesso, ela propões apoiar as medidas progressistas do Governo Lula, mas também pressioná-lo para que avance nas mudanças”.


 


Além dos seis capítulos, o livro traz 14 textos em anexo, que se referem a temas da conjuntura política e do movimento sindical e dois documentos importantes da CTB, “Princípios e Objetivos da CTB” e “Desenvolvimento com soberania e valorização da classe trabalhadora”.


 


Recomendo a todos os leitores a leitura de “Sindicalismo, Resistência e Alternativas”, de Altamiro Borges,Editora Anita Garibaldi.

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