O mundo cabe numa Organização de Base

Organizações de Base inseridas na vida real da classe trabalhadora, da juventude, das mulheres e da intelectualidade faz-se hoje, mais do que nunca, necessidade imediata.

Foto: Alzira Silva

Cabe, sim. É quando fatos e vivências locais se relacionam com o que ocorre no país e mundo afora, em sincronia viva entre o particular e o geral – esclarecendo, motivando, pondo em movimento gente abrigada sob um mesmo guarda-chuva partidário.

No bairro da Mustardinha, no Recife, nos recentes anos 1980 e 1990, assim acontecia na Organização de Base (OB) do PCdoB liderada pelo velho militante (hoje com 98 anos) Eufrásio Elias.

Ali se discutia o desemprego e a necessidade de pavimentação e saneamento de ruas alagadas como parte dos problemas da cidade e do país, correlacionando-os com o endividamento externo, por exemplo, sob o governo militar de então.

O mundo cabia na Organização de Base.

E da convivência entre militantes e seus familiares e da solidariedade mútua, brotava a consciência política e o sentimento de pertencimento a uma causa e a uma organização, o Partido.

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Certa vez João Amazonas foi lá para conferir. E aprovou.

Experiências semelhantes aconteceram, e ainda acontecem, pelo Brasil afora, fruto do empenho de militantes que têm no PCdoB uma escola de consciência socialista, convivência fraterna e felicidade pessoal.

Algo próprio de partidos políticos de inspiração leninista, que objetivam a transformação da sociedade para muito além dos limites do status quo.

E como essa transformação é obra de milhões, e não se dá apenas pela ação política “por cima” (na construção de coalizões entre correntes políticas momentaneamente convergentes), mas depende de articulação e organização “pela base” da sociedade, militantes agrupados e atuantes em Organizações de Base são indispensáveis.

Mesmo em tempo de comunicação digital instantânea.

Grupos de WhatsApp ajudam na dinamização da Organizações de Base, mas jamais as substituem enquanto espaço de convivência e de troca de ideias e experiências, olhos nos olhos.

Pois onde há contradição acontecem lutas, mesmo espontaneamente.  

Seja pelo salário e por melhores condições de trabalho, seja pela melhoria da infraestrutura e da segurança no bairro, seja ainda pela emaranhado de questões concretas que envolvem a qualidade do ensino nas escolas de nível médio e superior e em qualquer ambiente onde as pessoas se aglomeram e precisam satisfazer suas necessidades e aspirações imediatas, objetivas e subjetivas. 

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Entretanto, se esses movimentos espontâneos não se conectam com a luta política geral – tarefa da Organização de Base -, se esvaem no imediatismo e na inconsequência. Não elevam a consciência coletiva nem o padrão organizativo e o poder de mobilização do povo.

Disseminar centenas de milhares de Organizações de Base inseridas na vida real da classe trabalhadora, da juventude, das mulheres e da intelectualidade faz-se hoje, mais do que nunca, necessidade imediata.

Como a água da chuva, que cai sobre o solo se espalha por toda parte.

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