O melhor e o pior da primeira fase da Copa do Mundo

Acabou a primeira fase da Copa do Mundo. Os 48 jogos disputados até agora trouxeram muitas surpresas, decepções, polêmicas, belos lances e, principalmente, gols. Também serviram para definir os oito confrontos do mata-mata que começa amanhã. O primeiro dia sem jogos desde 12 de junho serve para fazer um balanço do que aconteceu de melhor e pior nessas duas semanas. Sem ordem específica, aí estão os destaques positivos e negativo do Mundial até o momento.

O contra-ataque holandês: a dona do melhor ataque da primeira fase não faz questão de ter a posse de bola. Pelo contrário. A Holanda fica montada na defesa, deixa o adversário comandar as ações e trocar passes. Assim que há um vacilo, o time de Louis Van Gaal desarma e tenta a ligação direta, sem medo de longos lançamentos. Foi desse jeito que os holandeses humilharam a Espanha e venceram o bom time do Chile. Essa estratégia só funciona por causa de…

Robben: o atacante holandês foi o craque da primeira fase. A velocidade do jogador de 30 anos é algo impressionante. A Holanda só consegue atuar dessa maneira porque tem alguém como Robben para puxar os contra-ataques e dar assistência ou finalizar. O quinto gol sobre a Espanha e o contragolpe no segundo gol contra o Chile foram especialmente impressionantes.

Cortar para a esquerda e chutar: com shows de Robben e Messi, cortar (sempre) para a esquerda e bater no gol nunca esteve tão em alta.

Messi: a Argentina tem um time fraco do meio para trás e que não tem a compactação defensiva de outras equipes. É uma seleção instável, que dá espaços para o rival jogar. No entanto, é uma seleção que tem Messi, jogador que salvou os comandados de Alejandro Sabella nos três jogos da primeira fase. Uma equipe que conta com alguém eleito quatro vezes melhor do mundo precisa ser sempre levado em consideração, mesmo quando tem visíveis falhas.

O futebol da Bélgica: os resultados vieram – 100% de aproveitamento e classificação em primeiro do Grupo H. Mas a verdade é que a Bélgica, apesar de ter jogadores talentosos, não realizou sequer uma boa apresentação na Copa. Eles são os campeões em jogos chatos. Ainda assim,dá para sonhar até com uma vaga nas semifinais. Os EUA não estão entre os rivais mais complicados das oitavas. Nas quartas, o mais provável é ter a Argentina pela frente. Ao mesmo tempo que os hermanos têm um dos elencos mais talentosos da Copa, eles penaram para vencer o Irã, por exemplo.

Luiz Gustavo: impecável até agora. Faz exatamente o que Felipão pede: protege os zagueiros, cobre os laterais, desarma e passa a bola redonda para os companheiros.

Equipes vindas das Eliminatórias Asiáticas: Japão, Coreia do Sul, Irã e Austrália já voltaram para casa. Dessas, as únicas que não foram completas decepções foram as duas últimas. Iranianos quase roubaram um pontinho da Argentina, enquanto os australianos fizeram um grande jogo contra a Holanda, embora tenham saído derrotados.

Colômbia: uma seleção muito bem montada por José Pekerman, que surpreende por jogar tão bem mesmo sem Falcao García, seu melhor jogador. James Rodríguez assumiu o papel de estrela e não fez feio. Pelo contrário. O meia canhoto é finaliza, dá assistências para companheiros e, até agora, apareceu quando o time mais precisou. Outro destaque do time é Cuadrado, o veloz meia que atua pelo lado direito e é uma das principais válvulas de escape do time. A Colômbia se classificou bem e tem grandes chances de ir às oitavas, principalmente pela irresponsabilidade de…

Luis Suárez: o Uruguai estreou na Copa sem o atacante e não teve chances contra a Costa Rica. Suárez voltou, fez os dois gols contra os ingleses e participou da vitória sobre italianos. Foi indiscutivelmente quem ressuscitou a Celeste no Mundial. Mas ele teve a brilhante ideia de morder o zagueiro Chiellini na última partida da primeira fase. Foi a TERCEIRA vez na carreira que Suárez fez isso. A Fifa decidiu suspendê-lo por nove jogos e bani-lo do futebol por quatro meses. Suárez já está em casa e de lá deve ver a equipe cair nas oitavas ou quartas.

América Latina: dos nove latino-americanos na Copa, sete avançaram às oitavas. Só Equador e Honduras ficaram pelo caminho. Isso segue uma tendência histórica – os sete Mundiais que aconteceram nas Américas tiveram campeões daqui.

Costa Rica: a grande surpresa da Copa, sem dúvidas. Não só os costa-riquenhos se classificaram em primeiro num grupo com outros três campeões mundiais, eles foram melhores que os três rivais. É um time muito aplicado taticamente, sem vaidades, que busca sempre tocar de primeira, sair em velocidade e tem qualidade para atacar pelos dois lados do campo. Joel Campbell comanda o setor ofensivo e o meio tem bons jogadores em Bolaños e Bryan Ruiz. Mas, acima de tudo, é um time que aposta no coletivo. Por isso impressiona nesta Copa.

Espanha: fim melancólico de uma geração que marcou a história do futebol. Muitas dessas seleções que valorizam a posse de bola e trocam passes de primeira devem aos espanhóis pela inspiração.

Itália: o mais forte dos italianos é a camisa. O time desta Copa era muito limitado. Seus principais jogadores eram um volante de 35 anos, um atacante polêmico e um goleiro veterano. O resto do elenco deixa a desejar. Cassano como para dar ofensividade à equipe? Dupla do Torino no ataque para mudar o jogo? Sério que os italianos contavam com isso?

Inglaterra: não dá para dizer que a eliminação inglesa tenha sido um vexame. Tem sido assim durante toda a história, com uma única e polêmica exceção em 1996.

Neymar: Felipão não esconde de ninguém que Neymar é o seu craque e o Brasil joga em função dele. Mesmo com toda essa pressão, o jovem de 22 anos tem correspondido e, ao lado de Messi, é o artilheiro da Copa com quatro gols. O camisa 10 não se omite, busca o jogo e tenta resolver. Até agora, ele tem conseguido.

Greves africanas: primeiro, os jogadores de Camarões ameaçaram não vir à Copa por causa do valor do prêmio pela participação. Vieram e tiveram o pior desempenho do Mundo. Depois, atletas de Gana fizeram o mesmo às vésperas da terceira rodada, quando a equipe tinha grandes possibildiades de chegar às oitavas. US$ 3 milhões vieram direto da África, mas os ganeses decepcionaram contra Portugal e não mostraram a vontade que uma seleção que quer passar de fase precisa. Antes disso, Muntari e Boateng haviam sido mandados embora por problemas com comissão técnica e dirigentes. E os nigerianos, a poucos dias do mata-mata com a Argentina, também não treinaram por dinheiro. É bem provável a veracidade das acusações de que os dirigentes sejam corruptos e que, após a Copa, este dinheiro não chegaria aos atletas, mas esse tipo de postura só prejudica dentro de campo. Os resultados mostram isso.

Argélia: os argelinos são o oposto dos outros africanos. Eles esbanjam união e aplicação tática. Dentro de campo, não há como não ver a entrega dos atletas. Não por acaso, foram a grande surpresa do continente e conseguiram uma inesperada classificação às oitavas. Que sirva de exemplo.

França: um time arrumado taticamente, com um meio de campo liderado por Matuidi e Pogba que tem pegada e, ao mesmo tempo, poder para chegar bem à frente e que possui Benzema, um centroavante fazedor de gols. A França preocupa.

Fabio Capello: o treinador mais bem pago da Copa não conseguiu levar a sua Rússia às oitavas em um grupo com Bélgica, Coreia e Argélia. O investimento anual de cerca de R$ 25 milhões no técnico resultou em um time sem graça, que fez alguns dos piores jogos do Mundial. Dá para fazer algo melhor comesse dinheiro todo…

Eu e você: não poderíamos ter pedido uma Copa do Mundo melhor. Nível técnico altíssimo, grandes jogos, muitos gols e várias surpresas. Só dá para lamentar que restam apenas duas semanas de Mundial.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor