O livro da CTB

Entre eles, incluem-se os da UNE de 1968, Conclat de 1981, Sindicato dos Professores de Campinas e Região- Sinpro, Federação dos Professores do Estado de São Paulo-Fepesp, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino-Contee, Central Única dos Trabalhadores – CUT e em dezembro de 2007, o Congresso de fundação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB.

Em todos eles, as teses e as decisões principais são registradas e enviadas para as entidades participantes.

Observo nesses que participei e, em tantos outros que tomei conhecimento, que esse material elaborado, muitas vezes não chega nem aos responsáveis pela imprensa e comunicação das entidades .Há exceções, mas geralmente, arquiva-se e a entidade segue seu caminho normal. Quando é necessário escrever algo para fundamentar a ação a ser desenvolvida, inicia-se a elaboração do novo texto sem partir do que foi escrito relativamente ao Congresso anterior.

Os temas que quase sempre estão presentes nos Congressos referem-se à análise da Conjuntura Internacional e Nacional, à situação do Movimento Sindical, ou do Movimento Estudantil ou ainda dos Movimentos Sociais em geral, às políticas públicas como Saúde, Educação, Transportes, Previdência , Meio Ambiente e outras, às questões relativas às discriminações, todos eles, quase sempre, acompanhados de um Plano de lutas. São portanto, assuntos fundamentais para a vida das entidades.

Pois bem, a CTB não se restringiu à elaboração de um caderno a respeito das principais decisões do seu congresso de fundação. Resolveu publicar um livro intitulado “Desenvolvimento com valorização do trabalho – textos e documentos da CTB”. O jornalista Umberto Martins editou e elaborou o texto final, cabendo a revisão ao jornalista Carlos Pompe. Logo na apresentação, o presidente da CTB Wagner Gomes esclarece “que através da leitura das resoluções e outros documentos constitutivos da CTB você poderá conhecer as concepções, princípios e objetivos que animaram a criação e devem orientar a vida da central classista ....”.

O título do livro é um indicador da importância que a CTB atribui à luta pelo desenvolvimento econômico com valorização do trabalho e distribuição de renda. Acredita que esse é o melhor caminho para abrir novos horizontes de enfrentamento ao modo de produção capitalista e à consequente construção da sociedade socialista. O tema do desenvolvimento econômico é tratado no primeiro capítulo, abordando as derrotas que os setores de direita estão sofrendo em vários paises sobretudo da América Latina, a necessidade de um maior intervenção política dos progressistas, os efeitos catastróficos do neoliberalismo, e caminha para abordar o que é a visão classista de desenvolvimento, que inclui o fortalecimento do mercado interno, a redução da jornada de trabalho, a universalização dos direitos, o reforço do papel do Estado, a integração solidária da América Latina, o combate à discriminação do trabalho e à mídia capitalista.

O segundo capítulo focaliza a luta por um novo modelo de desenvolvimento do espaço rural. Mesmo tendo o Brasil recursos naturais em larga escala e um bom mercado para a produção agropecuária,muitos trabalhadores rurais são submetidos à superexploração e a formas degradantes de trabalho. Conflitos sociais, reforma agrária, democratização do acesso à terra, agricultura familiar, qualidade de vida, meio ambiente, educação, combate às discriminações são temas tratados como fundamentais para o desenvolvimento no espaço rural.

Os capítulos 3, 5 e 6 referem-se aos princípios e objetivos da CTB, ao Manifesto por uma Central Classista e ao significado do sindicalismo classista para os dias de hoje. Unidade dos trabalhadores, democracia, independência, solidariedade e internacionalismo, ética na política, combate à discriminação, emancipação das mulheres e dos negros, defesa dos direitos sociais, transparência, desenvolvimento sustentável, educação e luta pelo socialismo como um objetivo estratégico são os princípios e objetivos básicos que a CTB se compromete a buscar. No manifesto, ressalta-se a valorização do trabalho e da classe trabalhadora, o projeto nacional de desenvolvimento, o fortalecimento e renovação do movimento sindical, a unidade enquanto chave para a vitória dos trabalhadores, a organização de uma Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat). Segue um documento elaborado num seminário do movimento por uma Central Classista e Democrática, realizado em agosto de 2007.

O sindicalismo internacional é objeto de análise na sequência. Ressalta-se a influência neoliberal extremamente negativa para os povos e o protagonismo desses povos em lutas heróicas contra o modelo depredador, assim como a necessidade crescente da integração dos povos e da unidade dos trabalhadores.

O livro traz o plano de lutas da CTB destacando-se pleno emprego, melhores salários, ampliação dos direitos trabalhistas e previdenciários, reforma agrária, universalização das políticas públicas, ampliação da democracia, unificação do movimento sindical, paz mundial, projeto de desenvolvimento e socialismo. O último capítulo apresenta o estatuto da CTB. Em anexo , um artigo do presidente do Ipea, Marcio Pochmann intitulado “Sem luta, as possibilidades de mudança não serão transformadas em realidade”.

Recomendo a leitura desse livro aos dirigentes da CTB e aos dirigentes das entidades filiadas e não só a leitura, mas também a aplicação dessas decisões aprovadas democraticamente. Ao realizar o planejamento estratégico e situacional das entidades, faz-se necessário ter como base as conclusões contidas no livro. E ao escrever novos textos, reler o livro para fundamentar de forma mais adequada. E também recomendo a leitura, a todos aqueles que desejam conhecer a novidade do movimento sindical brasileiro, a CTB.