O leitor de Gramsci

 

Organizado por Carlos Nelson Coutinho – professor titular da UFRJ e autor de vários livros – publicado em 2011, pela Editora Civilização Brasileira, “O Leitor de Gramsci” contribui significativamente para que possamos compreender as idéias fundamentais deste importante pensador italiano . Trata-se de Antonio Gramsci, intelectual marxista, nascido na Sardenha em 1891 e falecido em 1937. Os textos escolhidos de Gramsci, pelo organizador dessa obra, abrangem o período de 1916 a 1935.

A partir da filiação ao Partido Socialista Italiano – PSI – em 1913, até sua morte, Gramsci foi um intelectual com participação política ativa, na defesa intransigente dos interesses maiores do proletariado na luta contra o capitalismo. Em 1921, fruto da repercussão mundial da Revolução Russa de 1917 e da organização dos trabalhadores marxistas italianos, foi fundado o Partido Comunista Italiano – PCI – tendo Gramsci como um dos seus fundadores. Na década que sucede a Revolução Russa, vários partidos comunistas foram fundados, inclusive o Partido Comunista do Brasil–PCB, em 1922.

Gramsci viveu, na Itália, num momento de muitas dificuldades para aqueles que pretendiam que o socialismo vencesse. São os fascistas que chegam ao poder, em 1922, com a nomeação de Mussolini para a chefia de gabinete. Em 1924, Gramsci é eleito deputado pelo distrito de Vêneto. Mas, dois anos depois, mesmo tendo imunidade parlamentar, Gramsci e outros deputados comunistas foram presos. Daí até a sua morte em 1937, Gramsci viveu no cárcere. Mas nem a prisão, conseguiu deter o ímpeto revolucionário deste grande intelectual italiano. O promotor de um dos processos instaurados contra Gramsci, Michele Isgro, reconhece a sua grande capacidade intelectual, quando afirmou: “Devemos impedir esse cérebro funcionar durante vinte anos”. Mas, Gramsci, com todas as dificuldades que enfrentou – inclusive tendo várias crises que abalaram profundamente sua saúde – conseguiu escrever 21 cadernos, que foram denominados “Cadernos do Cárcere”.

Em “Cadernos do Cárcere”, o autor aborda temas de fundamental importância para aqueles que contribuem com sua luta para que a humanidade possa chegar a um novo patamar, qualitativamente superior ao capitalismo: filosofia da práxis, partido político, sindicato, estado e sociedade civil, intelectuais e educação, hegemonia, guerra de movimento e guerra de posição, revolução, cultura, arte e literatura.

Com a saúde cada vez mais debilitada, Gramsci readquire liberdade plena em abril de 1937. Mas, no dia 27 deste mesmo mês, com 46 anos de idade, após ter sofrido derrame cerebral, Gramsci faleceu, deixando nos documentos escritos, uma grande contribuição para o avanço da humanidade. Não é por acaso que três quartos de século após sua morte, é o pensador italiano mais traduzido e lido no mundo todo.

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