O gasoduto e seus padrastos

No dia 01 de junho Lula esteve em Coari (Am) para “soldar” o primeiro tubo do gasoduto que levará o gás da província de Urucu até Manaus. Os dias que anteciparam sua chegada foi ocupado por uma frenética disputa midiática o

“Quanto à cláusula que veda a participação isolada ou como empresa líder de consórcio, de empresas estatais ou controladas por ente estatal, é aparentemente tão ilegal, abusiva e contrária ao interesse e à moralidade públicos que o Estado do Amazonas, em sua manifestação não encontrou um único argumento para defendê-la”. (Juiz Marcelo Motta de Oliveira, da 4a Vara Federal, em 31/08/01).

 

Com esta sentença o Juiz Federal Marcelo Motta de Oliveira, atendeu à Ação Popular assinada pela Deputada Federal Vanessa Grazziotin, por mim, Sindipetro e Federação dos Petroleiros. Fulminava, assim, a pretensão do ex-governador Amazonino Mendes (PFL) de entregar, por 50 anos, a exclusividade do transporte e da comercialização do gás Amazonense a uma empresa americana (ACL) falida, que acabou sendo vendida como “sucata”.

 

Ficava claro que o gasoduto, que deveria ter sido inaugurado em 2001, não saía do papel porque havia uma decisão política de não construí-lo. Estava tudo acertado com os americanos para fazer o transporte por barcaças, mesmo sabendo que essa modalidade era 60% mais cara em relação ao gasoduto.

 

Começava uma “guerra” bilateral. De um lado o ex-governador e do outro lado, nós, os 4 subscritores da Ação Popular que, tal qual os três mosqueteiros (que eram 4 e não 3), tivemos que lutar contra todas as adversidades.

 

A luta foi profundamente desigual. O governo contava com todo o aparato do Estado para “vender” a sua versão, enquanto nós não tínhamos sequer a solidariedade das demais lideranças políticas do Estado. Alguns por medo, outros por motivos ainda menos nobres. O silêncio era total e incômodo.

 

Agora, que finalmente a obra vai começar, nós assistimos, entre atônitos e incrédulos, a um extenso desfile de “padrastos” do gasoduto, o que nos leva a ter dúvidas se ainda moramos no mesmo Estado e estamos falando da mesma obra.

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