O favoritismo de Lula

A julgar pelo conjunto das pesquisas divulgadas nos últimos dias, o presidente Lula poderá ser reeleito já no primeiro turno com larga vantagem sobre o principal adversário, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin. Há pouco mais de um ano, no auge da

É que agora se conjugam fatores contraditórios, que atuam nessa direção. De um lado, a continuidade de uma espécie de exaustão do chamado projeto neoliberal encetado por Fernando Henrique Cardoso e presente no que há de mais essencial no ideário de Geraldo Alckmin. O núcleo oposicionista constituído pelo PSDB pelo PFL foi incapaz de oferecer ao eleitorado uma alternativa ao novo rumo que Lula vem, a duras penas, imprimindo ao país. Agarra-se a um discurso falacioso de combate à corrupção, apoiado em fatos reais, porém abordados de modo tendencioso; sustentado por personalidades cujos currículos não lhes dão autoridade para tal. Quanto aos impasses do desenvolvimento, nada de novo; ao contrário, apenas a tentativa de reeditarem o esquema derrotado nas urnas há quatro anos. Tanto que a Folha de São Paulo, que se coloca numa posição de franco combate ao atual governo, reclamou da ausência de propostas inovadoras da parte da oposição, em editorial publicado no início da campanha.


 


Já a candidatura à reeleição do presidente Lula pôde crescer e se afirmar fundada em realizações muito concretas, que vêm influenciando para melhor a vida do povo e abrindo novas perspectivas à retomada do crescimento econômico em bases socialmente progressistas e sustentáveis. Pesam, e muito, os programas sociais de largo alcance – como o Bolsa-Família, o Luz no Campo, o ProUni, por exemplo – e, igualmente, um conjunto de medidas e de decisões políticas em favor do desenvolvimento. De tal modo que ecoa consistente o discurso do presidente ao acenar, num provável segundo governo, com o objetivo e promover o crescimento econômico com distribuição de renda, valorização do trabalho e educação de qualidade universalizada.


 


É pela aderência do discurso no seio da sociedade, alimentada pelas ações de governo, que prosperou a construção de uma ampla frente política e social de apoio à reeleição. Uma frente que vai bem além da coligação formalizada – PT-PCdoB-PRB – e envolve PSB, partes de partidos como o PMDB, o PTB, o PL e outros. O que possibilita a vitória eleitoral e, provavelmente, melhores condições de governabilidade do que as existentes no período atual.

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