O deserto de ideias do PSDB

Sempre que o PSDB não pensa em nenhuma proposta nova para o país, trata logo de convocar um seminário para expor – ao ridículo, claro – a tal "nova agenda" que diz pretender para o Brasil.

A nova tentativa de refundar o partido, demonstrar unidade e compor um projeto com o mínimo de credibilidade com vistas a 2014 produziu o mesmo conjunto vazio que os fracassos anteriores.

Caricatura da tragédia oposicionista, FHC foi chamado a fazer às vezes de marqueteiro e, para nossa felicidade, teve uma ideia para slogan: "Yes, we care!" A "massa cheirosa" pode ter explodido em ovações ao príncipe, mas julgo impossível arrancar qualquer resquício de nova agenda daí.

Aliás, muito ao contrário, as propostas concretas que apareceram na tal "nova agenda" foram a retomada das privatizações e a Reforma da Previdência. Coube a Pérsio Arida a condição de gênio saído da lâmpada ao projetar que o BNDES pare de conceder empréstimos com juros subsidiados, a fim de diminuir a demanda por crédito oficial.

Com as restrições que se possa ter a alguns dos empreendimentos que envolvem o BNDES (Friboi e malfadada ação com o Pão de Açúcar, por exemplo), tudo o que o Brasil não precisa é abdicar de um instrumento como ele na propulsão do desenvolvimento nacional.

Claro, não faltou a velha e simplista proposta do corte de ministérios. Cabalisticamente, Armínio Fraga quer cortá-los pela metada – assim, sem nenhum detalhamento de quais resistiriam, quais sucumbiriam e qual o tipo de remodelamento de gestão e junção de tarefas.

Se do manda-chuva e dos ditos teóricos o que saiu foi isso, quem poderia apresentar alguma coisa relevante? As lideranças com ambições políticas e eleitorais, claro, pois são a linha de frente do projeto oposicionista.

Pois bem, Aécio Neves – que tem notável capacidade de frustrar as expectativas de liderança nele depositadas – saiu-se com seu já desgastado bordão: "choque de profissionalização de gestão". Tremei, ímpios e pecadores…

José Serra comparecer ao convescote já foi um milagre. Chegou a tempo de ouvir as considerações finais e apenas para não evidenciar ainda mais o que já é de conhecimento público – seu crescente isolamento e perda de protagonismo. Ao que consta, em sua fala propôs "padrões de qualificação" para nomeações e um seminário com o tema da corrupção. Parabéns.

A oposição tem se esforçado para confirmar o Barão de Itararé: "de onde menos se espera, daí é que não sai nada." É o PSDB e seu árido deserto de ideias.

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