O aumento da população em situação de rua

Um estudo do IBGE também identificou que as mulheres representavam 71,9% dos empregos perdidos no primeiro ano da pandemia da Covid.

Barracas abrigam dezenas de famílias na Praça Marechal Deodoro, na região central de São Paulo l Foto Jorge Araujo/FotosPublicas

Estudo divulgado na quinta-feira (8) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) confirma mais uma tragédia social promovida pelo reinado da necropolítica de Jair Bolsonaro – que felizmente está chegando ao fim. Nos quatro anos do seu desgoverno, a população em situação de rua no Brasil cresceu 38% e chegou em 2022 a 281,4 mil pessoas vegetando em condições subumanas.

O levantamento do Ipea tem como base os dados informados pelos municípios, pelo Censo Suas, que são preenchidos pelas secretarias de assistência social estaduais e municipais, e pelos números do CadÚnico (Cadastro Único), que serve para registro e acesso a serviços essenciais de assistência. Ele também adiciona ao cálculo um conjunto de taxas de pobreza e de urbanização das cidades. “O instituto diz que é necessário ampliar a busca ativa por pessoas em situação de rua para a inscrição no CadÚnico, porque a estimativa é de que as cadastradas representem 31% do contingente total”, explica reportagem da Folha.

Leia também: MST defende medidas urgentes para a superação da fome e da miséria

Embora a contagem oficial do segmento seja parte da Política Nacional para a População em Situação de Rua, criada em 2009, os censos demográficos, inclusive o de 2022, ainda consideram a população por domicílios. “Isso implica em prejuízos para a correta avaliação da demanda por políticas públicas por parte desse segmento”, afirma o pesquisador Marco Antônio Carvalho Natalino, autor do estudo. “As estimativas e a publicação do Ipea também não apresentam recorte de gênero, embora seja possível inferir que diferentes grupos de gênero, etnia e situação econômica sejam atingidos de forma diferente”.

A feminização da pobreza

Um estudo de 2020 do IBGE, por exemplo, identificou que as mulheres representavam 71,9% dos empregos perdidos no primeiro ano da pandemia da Covid. Para Janaína Gomes, doutora em direitos humanos pela USP, a feminização da pobreza é um fenômeno verificado em vários outros campos de pesquisa e também se aplica ao problema de quem vai parar na rua.

“A questão é estrutural, precisamos de alternativas de saída da rua, para que as pessoas tenham garantias. A alta da pobreza aumentou os despejos e a dificuldade de pagar aluguel, e mais famílias e mulheres têm ido para a situação de rua… Elas vivem precariedades e violências muito particulares, que ainda estamos por entender, porque até recentemente a maior parte da população de rua era de homens”, alerta a estudiosa.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor