Manuela d’Ávila e as bestas míticas

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Manuela Davila - Foto: Lula Marques

Ares, o deus da mitologia grega associado à guerra sanguinária e brutal, tinha dois filhos que o acompanhava em suas batalhas: Deimos (terror) e Fobos (medo). Ambos herdaram a agressividade e a truculência do pai que não hesitava em usar seus poderes para protegê-los de tudo e de todos.

Milhares de anos se passaram desde o nascimento desse mito e, no Brasil, uma parcela significativa da população também criou um personagem parecido. Beligerante. Quem a ele ou a sua família se opõe é tratado como inimigo a ser eliminado. Suas armas, diferentemente das de Ares – que dispunha de um elmo e uma lança -, são os aparelhos do Estado repressor e uma rede de robôs e militantes do ódio que operam as chamadas redes sociais, disparando fake news.

Nem toda guerra é ilegítima. Há aquelas que são justas por defenderem a soberania da nação, a restauração da democracia ou os direitos elementares do povo. Por isso mesmo, na mitologia grega, há outra deusa para representar o bom combate: Atena.

Ao contrário de Ares, Atena simboliza a disputa justa. É associada a sabedoria, à coragem e à estratégia. Também no Brasil, na guerra travada contra a besta fascista, despontam figuras inspiradoras a travarmos o bom combate: uma delas é Manuela d’Ávila.

Manuela é uma das maiores vítimas da guerra política selvagem legitimada por Bolsonaro e seu séquito de fanáticos. As instituições públicas que poderiam evitar ou mesmo amenizar essa política de exceção se omitem ou até mesmo aderem a esta cruzada. O outrora Estado Democrático de Direito vai aos poucos se transformando em conto mitológico. Nem com o fio de Ariadne para sair desse labirinto.

O mais recente ataque sofrido por Manuela, típico dos mais selvagens representantes da espécie humana, envolvendo sua filha de cinco anos, não pode ser tolerado. Nem mesmo uma guerreira do porte de Manu pode suportar sozinha essa investida que visa implantar o terror e medo como método de ação política.

É passada a hora de enfrentar o “Deus da Guerra” tupiniquim, seus filhos do gabinete do ódio e demais seguidores. A disputa política deve voltar a ser travada na arena das propostas. É isso o que mais amedronta quem prefere a guerra pela força bruta à luta das ideias.

Manu é nossa Atena. Mas precisa de todos os soldados e soldadas pela democracia para vencer essa epopeia que se impõem e ela, ao povo e à nação brasileira.

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