Manu na arena dos leões

 Fizeram um corredor polonês contra a Manuela. A arena foi montada para uma carnificina. Nunca vi nem ouvi falar de um programa de entrevistas relacionar um assessor de outro candidato como "entrevistador". Não foi apenas deselegante, foi canalhice mesmo.

O transcorrer do programa Roda Viva revelou aquilo que há muito já se conhece: a TV Cultura e seu outrora conceituado programa foram destruídos por mais de duas décadas de sucateamento e ingerência política dos tucanos paulistas.

Muitas perguntas capciosas, preconceituosas e até mesmo agressivas. Assuntos que sequer resvalam os temas da eleição brasileira – ressuscitaram Enver Hoxha e o "modelo albanês". A risível tentativa de intimidar uma conhecida defensora dos direitos humanos através da importação de polêmicas de outros países foi constante. Se não conseguiram emparedar Manuela, que respondeu os questionamentos de maneira altiva e resoluta, os jornalistas conseguiram passar vergonha em rede nacional ao revelar a deficitária formação intelectual, eivada de preconceitos e clichês pedestres, dos profissionais ali presentes.

Quando a pauta é economia, o ruim fica pior. Não é exclusividade do Roda Viva, mas uma triste realidade da mídia nacional. Assim como as religiões têm seus dogmas, que são absolutos e supra-humanos, a mídia brasileira elegeu o ultraliberalismo como dogma econômico. Não há um único articulista nos grandes veículos que se digne ao menos a dar voz ao que diferir da receita consagrada.

Manuela teve que brigar para conseguir falar, um pouco que fosse, sobre o que mais interessa ao Brasil: como tirar o país do atoleiro em que se meteu, como voltar a crescer e gerar emprego. Apontou suas propostas para ampliar a arrecadação através de taxação de grandes fortunas e grandes heranças. Foi interrompida, impedida mesmo de desenvolver o tema. Um desperdício, pois esse é o grande debate dos dias de hoje.

Ao contrário do que querem impor, a pré-candidatura de Manu não vocaliza apenas pautas comportamentais e de direitos humanos – temas, aliás, importantíssimos. A deputada gaúcha tem propostas escritas e gravadas sobre reforma tributária, sobre reindustrialização, sobre ciência e tecnologia, sobre direitos trabalhistas e sociais. Em sua oportunidade, no mesmo programa, Ciro Gomes teve condições de falar detidamente sobre suas ideias para a retomada do crescimento. Por que não fazer o mesmo com todos?

O ponto alto da grosseria, como se poderia esperar, ocorreu no embate com o caricato bolsominion Frederico D`Ávila. A repugnante figura quis colocar Manuela na defensiva no tema estupro, brandindo a proposta de seu fascista de estimação (castração química). Manu bateu forte e colocado: “Eu defendo que tenha menos estupro no Brasil. Sabe como a gente faz isso? Não votando em candidato que defende que mulher pode ser estuprada”. Nocaute sem abrir contagem.

Nitidamente, os jornalistas foram ali para uma tarefa: desconstruir a pré-candidata comunista. Perderam feio. Manuela foi clara, contundente, sarcástica até, porque às vezes se fez necessário. Manu entrou na arena dos leões, enfrentou e venceu. Saiu maior do que entrou. Orgulhou a esquerda brasileira e o PCdoB.

Meus respeitos, Manu!

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