Lula no fio da navalha

Caminhamos no fio da navalha, qualquer erro tático pode ser fatal.

Foto: Ricardo Stuckert

Evidente que a situação de Lula na disputa eleitoral é muito favorável, de acordo com o consolidado das pesquisas mais confiáveis. Até a hipótese de uma vitória no primeiro turno chega a ser considerada.

Entretanto, agora é que a batalha propriamente dita ocorre em todas as dimensões — inclusive, daqui a pouco, pelas redes de TV, que continuam pesando fortemente no comportamento do eleitorado.

Todo cuidado é pouco. Caminhamos no fio da navalha, qualquer erro tático pode ser fatal. 

Um erro possível seria aceitar a provocação do principal adversário e travar a batalha no movediço terreno religioso, que lhe parece mais favorável.

Num certo sentido é mesmo, pois é onde viseja com mais facilidade a guerra do ódio e do preconceito que conduz parcelas expressivas do eleitorado a agir segundo uma emoção estimulada artificialmente pelos engenheiros do caos, através das redes sociais e dos aplicativos WhatsApp e Telegram.

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Ora, a pauta que interessa majoritariamente à população diz respeito à retomada das atividades econômicas com ampliação do emprego e valorização do trabalho, redução da inflação e da carestia.

E, num patamar mais exigente, que envolve setores mais esclarecidos e mesmo os chamados agentes econômicos, que modelo adotar para recuperar investimentos estatais em infraestrutura e o incentivo às atividades industriais com o lastro da produção científica e da inovação tecnológica. 

São questões destacadas, dentre outras, da plataforma da ampla frente partidária e social reunida em torno da candidatura de Lula. Permitem separar o joio e o trigo, de modo traduzível ao entendimento do cidadão comum e, assim, capaz de mobilizar amplos setores da sociedade e consolidar a possibilidade de vitória. 

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A equação parece simples, porém na prática não é bem assim. 

Nós brasileiros somos por natureza levados pela emoção, que nem sempre ajuda à racionalidade tática indispensável.  

Lula não precisa dizer que Bolsonaro está possuído pelo diabo. 

Lula precisa continuar dizendo — e o faz sempre com muita competência — o que realmente interessa à maioria. 

Deixemos o ex-capitão insano e enfurecido em sua desesperada tarefa de alimentar os quase 30% de sua bolha organizada em milícias digitais. 

Será o suficiente para que ele se mantenha num patamar de derrota. 

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