Lockdown é possível

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A defesa de um bloqueio mais efetivo contra o coronavírus em nossa região e especificamente em Pernambuco é uma questão de necessidade face ao aumento da pandemia. Houve um grande empenho e envolvimento das autoridades nordestinas e um árduo trabalho do Governo do Estado, da Prefeitura do Recife, da Assembleia Legislativa, da sociedade civil, além da atuação de milhares de voluntários, em que 2 mil vidas já foram salvas, num movimento contrário ao que faz o presidente. Porém, o aumento assustador do contágio em todo o país e o sistema de saúde fica cada vez mais colapsado não vejo como salvar vidas sem prescindir do lockdown.

No meu entendimento, as ações negativas de Bolsonaro levaram o país a uma situação em que o lockdown parece ser a melhor alternativa possível. A negligência dele como gestor sobre a pandemia no país, fez com que os governadores tomassem à frente do problema em cada estado. Na verdade, Bolsonaro até hoje não se mostrou preocupado com esta crise sanitária que estamos enfrentando, pelo contrário, virou aliado do vírus! Com tanta gente na rua sem proteção, carros circulando e aumento considerável de infectados e mortos, o confinamento passa a ser a solução para o caos. O Ministério Público de Pernambuco pediu à Justiça que decretasse o lockdown aqui, mas a decisão da Justiça não foi favorável.

Vários países como a Índia, África do Sul, Reino Unido e outros e três estados brasileiros já adotaram o lockdown: Maranhão, Pará e Ceará. O objetivo foi interromper as atividades por um curto período para reduzir o número de casos e dar fôlego para reorganizar o sistema de saúde, em vias de colapso. A adoção do lockdown senhor presidente, pode ser determinada por lei estadual ou por decisão judicial, e agora ganhou o aval do STF para que cidades e estados possam fazer. O Comitê Científico do Consórcio Nordeste está recomendando que o lockdown seja estendido aos estados e municípios da região que já atingiram 80% da capacidade de leitos nos hospitais, como é o caso de Pernambuco.

Trata-se de uma medida de eficácia comprovada. O lockdown adotado na China nos primeiros 50 dias de epidemia do coronavírus foi fundamental para conter um avanço ainda mais devastador da doença. Sem as restrições pesadas, teria havido mais de 700 mil casos confirmados da Covid-19 na China, apontam estudos feitos no país. A Itália recorreu ao bloqueio quando o número de casos já explodia. Mesmo assim, nesta segunda (5), pela primeira vez em dois meses, o sistema de saúde já dava sinais de respiro e o colapso do atendimento na rede de saúde amenizou. A Nova Zelândia é o caso mais exemplar. O país comemora 48 horas sem nenhum caso de infecção por coronavírus.

A pergunta que não quer calar é: por quê a opção do lockdown não foi escolhida logo no início da pandemia no Brasil? A resposta é simplesmente absurda: o próprio presidente da República, um negacionista da ciência e da lógica, tratou de inflamar seus aliados, quase diariamente, pela volta a uma normalidade que não existe lá fora. Bolsonaro empenha-se em sua cruzada pela flexibilização do isolamento social, causando mais mortes e sofrimento ao País. E nós vamos computar em seu governo a tragédia tão anunciada e que ele faz questão de ignorar, muito menos ajudar, sequer se solidarizar! Quantas vidas seriam salvas se não tivesse um presidente que responde “E Daí?”

O lockdown é uma medida dura, mas necessária, especialmente na atual conjuntura. Haveria a restrição de circulação de pessoas e carros, exceto para compra de alimentos ou medicamentos e transporte para hospitais. Só dessa forma poderemos evitar o caos do sistema de saúde, e o aumento do número de mortes. Evitar principalmente que o Brasil assuma a triste liderança desta terrível estatística, como já vem sendo anunciada por especialistas e a imprensa do mundo inteiro. Evitar enfim, que a gente perca a noção de humanidade enquanto cidadãos brasileiros!

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