Formação: uma exigência do sindicalismo classista

Faz cinco anos que assumi o trabalho de formação política e sindical no Centro de Estudos Sindicais -CES, tendo como público-alvo os dirigentes sindicais. Em sua quase totalidade, aqueles que comparecem aos cursos, o fazem com o espírito aberto para a apr

Os sindicalistas durante os cursos encontram respostas, mesmo que incompletas, às suas ansiedades e questionamentos.Via de regra reconhecem a importância do estudo para a prática sindical e renovam suas energias com novas perspectivas para as atividades que serão desenvolvidas no período posterior. Reforçam a consciência da necessidade da formação contínua.


 


Nesses tempos de neoliberalismo e reestruturação produtiva, os sindicatos em geral, respondem às questões imediatas da categoria, deixando para um segundo plano o processo de formação política e sindical. Dificilmente nos dias atuais, os trabalhadores procurarão o sindicato para solicitar que promova curso, debate, palestra sobre temas sindicais e políticos.


 


Sabemos que esse processo de formação acontece para os trabalhadores de duas formas: a primeira, na prática, como por exemplo numa greve em que a contradição capital e trabalho fica muito explícita, ou nas lutas em que os trabalhadores buscam interferir na definição das políticas públicas e na gestão do Estado; a segunda, através do estudo, da pesquisa, da elaboração de textos, dos cursos, dos simpósios, das palestras e dos debates sobre a realidade social, política e econômica. Esse processo é mais avançado quando se consegue articular dialeticamente a teoria e a prática. Lênin, o grande líder da Revolução Russa , ao mesmo tempo que participava intensamente do movimento político, estudava e escrevia constantemente, refletindo sobre a história e a conjuntura na qual vários acontecimentos de extrema relevância ocorriam.


 



Sempre, o processo de formação foi importante. No início do século passado, os anarco-sindicalistas, que tiveram a hegemonia do movimento sindical, durante mais de duas décadas, chegaram a criar uma Universidade para que os trabalhadores estudassem temas ligados à Filosofia e às questões sociais e do trabalho. Parece-nos, no entanto, que essa necessidade cresceu pelo fato de nos situarmos, hoje no Brasil, diante de um Governo dirigido por um operário e ex-sindicalista. Quando os governos, se situavam no campo oposto ao nosso, comandados totalmente pela política neoliberal, não tínhamos dúvidas maiores de como atuar. Situávamo-nos na oposição ao Governo. Hoje, diante de um Governo de contradições e de disputa entre interesses antagônicos – em que ora predominam os interesses do capital, ora predominam interesses do trabalho – há uma necessidade premente de nos capacitarmos para adquirirmos condições de atuar de forma propositiva e crítica, contemplando efetivamente os interesses dos trabalhadores. Torna-se prioritária a construção teórica e prática de um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho e distribuição de renda. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil- CTB – tem se empenhado na elaboração e implantação desse projeto e estimula que as entidades filiadas priorizem a formação. Nesse sentido, as entidades devem , no mínimo ter uma secretaria de formação que se responsabilize em realizar atividades e levantar continuamente a necessidade do debate, para que os diretores e a categoria como um todo passem por um processo contínuo de formação.


 



Não basta, no entanto, que a questão da formação fique sob a responsabilidade de um diretor, é necessário que os outros diretores também se preocupem com o assunto. O processo de formação precisa ser fruto de um trabalho coletivo.Todos os diretores da entidade precisam estar imbuídos da necessidade de se formarem e de contribuírem na formação dos outros.Todos, independentemente da função que exerçam, precisam ter a atenção voltada para a maior politização dos trabalhadores. Marx dizia que o sindicato precisa ser uma escola de socialismo, e isso se torna realidade na medida que os trabalhadores irão adquirindo a consciência da força que têm , desde que estejam unidos no combate ao sistema capitalista , a consciência de que o modo de produção capitalista está baseado na exploração e que será superado e historicamente será substituído pelo modo de produção socialista.

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