Fair Play é bom, mas não é regra

O fair play é o chamado jogo limpo.

Associa-se muitas vezes ao jogo sem faltas. A FIFA costuma premiar a seleção que leva menos cartões na Copa, mesmo que isso inclua algumas subjetividades que passam longe do "jogo limpo". Os entendimentos do árbitro, por exemplo, que podem ou não ser condescendentes com a violência.

Mas o conceito de jogo limpo vai muito além disso.

O respeito ao adversário não se restringe a não cometer faltas, até porque a falta é do jogo. Tá na regra, e como diria o Arnaldo: "A regra é clara!"

Há uma forma de jogar limpo que, às vezes, é contraproducente ao resultado.

E com a crescente busca pelo resultado, a despeito inclusive do próprio futebol bem jogado, esse tipo de demonstração de solidariedade se torna cada vez mais obsoleto.

Pelo Campeonato Alemão, o Borussia Dortmund enfrentava, em casa, o Mainz, pela 27ª rodada.

O Borussia lidera a competição, com grande vantagem, construída, principalmente, na primeira metade do campeonato. Na segunda, vem colecionando alguns tropeços que, graças à gordura que tem para queimar, o mantém ainda folgado na primeira colocação. Ainda, é bom que se diga.

A ameaça vem de Leverkusen, onde o Bayer, apesar do nome, vem dando dor de cabeça.

Vem ganhando jogos e encostando, a diferença caiu para 7 pontos, restando 7 rodadas, e segundo Renato Augusto, que vem jogando muito no Bayer, ainda dá.

O Borussia vencia o Mainz por 1 a 0 até os 44 minutos do segundo tempo.

Um encontro de bolas – a do jogo com as do zagueiro do Borussia – definiu tudo.

O chute acertou o zagueiro, comprometendo sua capacidade reprodutiva, e o deixou caído. Permaneceu ali, deitado no chão, sentindo dores na entrada da grande área.

O Mainz, por sua vez, não interrompeu a jogada. Abriu o jogo pela direita, de onde partiu o cruzamento que, escorado de cabeça, encontrou o pé direito de Sliskovic, que encontrou as redes.

Houve protestos generalizados por parte do Borussia. Desde o treinador, aplaudindo o time do Mainz pela falta de fair play, até a torcida, que até o final do jogo atirou objetos dos mais variados no gramado.

Entre homens, é consenso que uma pancada naquela área dói…e como dói.

Seria gentil da parte do Mainz tocar a bola pela lateral, para que depois o Borussia a devolvesse.

Mas gentileza não está na regra do futebol, e dentro destas regras, a conduta do Mainz não está equivocada.

Esta é somente uma súplica de quem insiste em sonhar com uma sociedade mais tolerante, igual, respeitosa e solidária. Mas isso não é regra, é exceção!

Quanto às reclamações do Borussia, cabe transcrever dois ítens da Regra nº 5 do futebol, que diz respeito ao árbitro:

– Interromperá o jogo, se julgar que algum jogador tenha sofrido uma lesão grave e se encarregará de que o mesmo seja transportado para fora do campo de jogo;

– Permitirá que o jogo continue até que a bola esteja fora de jogo, se julgar que um jogador esteja só levemente contundido;

Aí, é a tal da interpretação, e cada um tem a sua. Inclusive o Borussia.

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