Escola de civismo

Uma das mais antigas instituições do Brasil, que todos os anos mobiliza um contingente apreciável de jovens, moderniza-se em 2016. Em nove estados, Sergipe, Maranhão, Amapá, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná e Santa Catarina, os adolescentes que completam 18 anos poderão inscrever-se no serviço militar pela internet.

Estima-se que dois milhões de rapazes terão de fazer o alistamento para submeter-se à seleção e, se escolhidos, cumprir o período obrigatório de um ano numa unidade militar. É um processo sucessivo de expansão da mentalidade de Defesa, multiplicação de reservistas e formação de cidadãos alinhados com os interesses nacionais.

Praticado desde a Colônia, oficializado em 1906, o programa nem sempre teve oferta à altura. Atualmente, a questão é selecionar candidatos. A maioria não é incorporada, por vários motivos, a começar da incapacidade das Forças Armadas de receberem tamanho contingente num corpo ativo pouco superior a 300 mil homens. Não deixa de ser uma perda, pois servir ao País é um lustro de civismo na biografia de um jovem.

Frações da pequena burguesia urbana intelectualizada desdenham o serviço militar, como rejeitam o voto obrigatório, num movimento alienado de separar o Estado da sociedade. Ignoram que o alistamento é uma imersão de cidadania. O conscrito assimila noções de nacionalismo, hierarquia e respeito, incorpora valores, conhece as entranhas do Brasil profundo.

Para muitos, é a possiblidade de mobilidade social, fazendo carreira a que não teriam acesso de outra forma. Vários dos brasileiros mais importantes e admirados encontraram na caserna a plataforma de ascensão na sociedade, bastando citar um caboclo de Alagoas cuja família era tão pobre que os pais o deram para um tio criar.

Alistado como praça, Floriano Peixoto foi herói nos campos do Paraguai, marechal e presidente da República. E confirmou a lição de que o maior ativo de uma força armada é a bravura do soldado.

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