Escalando a Espanha

Nesta semana, as últimas seleções divulgaram suas convocações e já se pode ter uma ideia de quem virá para a Copa. Felipão preferiu dizer logo quem são seus 23 eleitos, mas a maioria dos treinadores escolheu primeiro 30 nomes para depois cortar sete. É o caso da Espanha. Vicente Del Bosque não divulgou seus titulares, por isso ainda dá tempo de palpitar na escalação.

Atual campeã do mundo e bi da Eurocopa, a Espanha chega ao Brasil menos badalada do que deveria estar. Muito disso tem a ver com a derrota por 3 a 0 para a Seleção na final da Copa das Confederações e a falsa impressão de que o time que ganha tudo desde 2008 “envelheceu”. Mas não se engane, La Roja tem material de sobra para montar um esquadrão, basta Vicente Del Bosque escolher as peças certas.

No gol, não há muito o que discutir. Capitão da equipe, Casillas é o dono da posição. O goleiro é um dos maiores de todos os tempos e, aos 32 anos, se prepara para sua quarta Copa como titular. Tem experiência e futebol de sobra – está um nível (ou vários, na verdade) acima de De Gea e Reina.

Na zaga, é quase certo que a dupla seja Piqué e Sergio Ramos, titulares absolutos de Barça e Real, respectivamente. Na lateral esquerda, Jordi Alba é a melhor opção. Na direita, após o fim da “Era Arbeloa” (para a alegria dos espanhóis), a vaga deve ficar com Carvajal, que substituiu o ex-dono na posição no Real e provavelmente fará o mesmo na seleção.

No entanto, se estivesse com a prancheta no lugar de Del Bosque, faria duas alterações entre os quatro de trás: fica Alba na esquerda e Piqué na zaga, Ramos iria para a lateral direita, função que exercia enquanto Puyol ainda era o dono da defesa da Espanha. O outro posto de zagueiro seria de Javi Martínez, que é volante de origem, mas já exerceu a função tanto no Athletic Bilbao, time que o revelou, como no Bayern de Guardiola. A verdade é que Martínez é bom demais para ficar no banco. E no meio – como dará para ver abaixo – a concorrência é grande. Além do mais, me agrada ter Ramos na lateral. Ele é forte, tem vigor físico, sabe apoiar e aumentaria ainda mais a estatura da defesa.

Se na zaga Del Bosque não tem muito como errar, no meio as opções são tantas que dá para se complicar, como aconteceu na Copa das Confederações. Titular na final da Copa das Confederações, Mata, por exemplo, embora tenha sido contratado pelo Manchester United e por 37 milhões de libras (cerca de R$ 137 mi), não tem bola para desbancar seus concorrentes. Outro do gosto do técnico que costuma ter minutos que não merece é Jesús Navas.

À frente da defesa, como primeiro volante, Busquets deve ser o dono da posição – e com merecimento. É o cara do trabalho sujo, preocupado em marcar forte, roubar a bola e entregar logo para os companheiros. Para atuar ao lado dele, a escolha foi difícil. Uma opção seria botar Xavi e Xabi Alonso, dois jogadores de qualidade indiscutível, mas com características parecidas – qualidade no passe, ótimos lançamentos, pouca velocidade – que podem torná-los redundantes. No entanto, vale lembrar que o trio foi a base do meio de campo campeão da Copa da África do Sul. Com esse três, o time seria mais cadenciado, com menos ataque e mais posse de bola – de certo modo, como foi em 2010.

Se Thiago Alcântara pudesse jogar, ele seria o dono dessa vaga. É dinâmico, rápido, habilidoso e versátil. Mas uma regressão em lesão no joelho tirou o hispano-brasileiro do Mundial. Por isso, restam algumas opções: ir com o trio de 2010, colocar Iniesta do meio, apostar em outro nome, como o jovem Koke, do Atlético de Madrid, ou Fàbregas, por exemplo, ou até sacar um meio-campista e colocar um segundo atacante de ofício. Dentre as alternativas, iria com a primeira, com Busquets/Xavi/Alonso, mas não deixaria de testar Koke, que tem capacidade para assumir a posição e jogar como no Atlético de Madrid, a sensação da temporada.

Abertos pelas pontas, não há um pingo de dúvida: à esquerda, Iniesta; à direita, David Silva. Cazorla, Pedro e Navas podem até pleitear alguma das posições, mas não têm bola suficiente para desbancar os baixinhos de Barça e Manchester City.

No ataque, Del Bosque chamou Villa, Fernando Torres, Negredo e Llorente na pré-lista. Todos devem brigar pela posição de reserva de Diego Costa. E tem como não escalar o brasileiro naturalizado espanhol? Diego é a principal razão do Atlético ter chance de vencer a Champions e o Espanhol. Ele tem algo que falta ao resto do time, uma raça a mais, a característica de trombar com os zagueiros, de lutar por toda bola. Isso soma bastante a um time acostumado com a classe e o toque de bola.

Se pudesse sugerir a Del Bosque, os titulares seriam: Casillas; Ramos, Piqué, Martínez e Alba; Busquets, Xabi Alonso (Koke), Xavi, Iniesta e David Silva; Diego Costa.

Abaixo, a lista de 30 nomes divulgada pela Espanha. Thiago já está fora. Em negrito, quem acho que merece ser cortado:

Goleiros: Casillas (Real Madrid), Reina (Napoli/ITA) e De Gea (Manchester United/ING).

Defensores: Sergio Ramos (Real Madrid), Piqué (Barcelona), Albiol (Napoli/ITA), Javi Martínez (Bayern de Munique/ALE), Juanfran (Atlético de Madrid), Jordi Alba (Barcelona), Azpiliciueta (Chelsea/ING), Carvajal (Real Madrid) e Alberto Moreno (Sevilla).

Meio-campistas: Xavi (Barcelona), Xabi Alonso (Real Madrid), Iniesta (Barcelona), Koke (Atlético de Madrid), Busquets (Barcelona), Cazorla (Arsenal/ING), Iturraspe (Athletic Bilbao), Fàbregas (Barcelona), Thiago Alcântara (Bayern de Munique/ALE), Mata (Manchester United/ING), David Silva (Manchester City/ING), Pedro (Barcelona) e Navas (Manchester City/ING).

Atacantes: Diego Costa (Atlético de Madrid), Villa (Atlético de Madrid), Fernando Torres (Chelsea/ING), Negredo (Manchester City/ING) e Llorente (Juventus/ITA).

Nas próximas semanas, faremos o mesmo exercício com outras seleções favoritas.

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