É a luta de classes, estúpid@

Pouco importa ao “senhor da guerra” qual a cor da bucha de canhão. Todos são iguais perante o capitalista: capital variável para extrair sua mais-valia

Foto: Divulgação

Em um importante veículo de comunicação progressista leio um artigo afirmando que o responsável por essa guerra é o patriarcado. Em outro, que a guerra é uma invenção de brancos, para brancos. É a prova incontestável de que as armas do imperialismo de subjugação de povos e nações não necessariamente são bélicas e podem fazer vítimas fora do campo de batalha convencional.

O chamado identitarismo, nas suas mais diversas expressões, é uma arma poderosa desenvolvida pela burguesia. Mais do que dividir para conquistar, a ordem agora é atomizar para reinar. Essa é a atual estratégia fartamente financiada pelo grande capital a fim de adulterar o marxismo e fazer passar gato por lebre entre as diversas correntes do arco-íris esquerdista.

Mulheres e homens lutaram juntos para derrotar o colonialismo e o nazi-fascismo em diversos países e momentos históricos. Uniram-se nesse esforço colossal povos de diferentes etnias unidos pelo ideal mais emancipacionista de todos: derrotar a burguesia.

Essa mesma burguesia que, por sua vez, é unida não por sua cor, credo, sexo ou qualquer outra especificidade “extra-classe”. Mas por um detalhe que parece ter fugido à compreensão de amplos segmentos da esquerda: a propriedade dos meios de produção.

Assim sendo, pouco importa ao “senhor da guerra” qual a cor da bucha de canhão. Também pouco interessa o sexo ou a idade de quem vai municiar essa arma. Todos são iguais perante o capitalista: capital variável para extrair sua mais-valia.

Hoje, por óbvio, as populações mais vulneráveis entre o proletariado são as crianças, mulheres, negros, asiáticos, indígenas e outros segmentos da sociedade. Mas o materialismo histórico e dialético nos ensina que os impérios mudam ao mesmo tempo em que a luta de classes continua se o inimigo não for claramente identificado.

Dessa forma, os inimigos no Império Romano não eram os másculos romanos eternizados nas esculturas em mármore de Carrara. Mas a escravidão. Os inimigos nunca foram os senhores feudais, brancos de olhos azuis, exaltados pelos trovadores provençais, mas o feudalismo. E agora, no capitalismo, os inimigos de classes não são os brancos, homens ou seja o que for, mas tão somente este atual modo de produção.

Claro que isso tudo não impede que a classe operária identifique os grupos mais vulneráveis à cruel exploração da força de trabalho. No atual momento histórico, alguns segmentos são muito mais vitimados que outros. E a saída é justamente aquela velha frase de dois barbudos, escrita em 1848, num tal Manifesto do Partido Comunista: “Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos”.

Portanto, a guerra que nesse momento ocorre na Ucrânia é a expressão nua e crua da luta de classes. A manifestação das contradições intrínsecas do capitalismo, entre elas a mais brutal: capital versus trabalho.

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