É a juventude, estúpido!

Parafraseando Bill Clinton ("É a economia, estúpido!") tá chegando a hora em que, mais uma vez, serão adolescentes e jovens os protagonistas de uma grande página da história política brasileira.

Para além da "guerra cultural" e da baboseira ideológica do bolsonarismo nas redes sociais, as principais ameaças ao futuro do país são os ataques à educação pública e a proposta de reforma da previdência que tramita no Congresso.

Ocorre que os malefícios da reforma da previdência, se aprovada como está posta, virão a longo prazo. As ruas do Brasil irão explodir caso passe esta reforma… Mas daqui a 10, 20 anos, por suas consequências desastrosas… como acontece hoje no Chile, contra a reforma feita há 3 décadas atrás.

A luta contra os cortes na educação, ao contrário, tem apelo imediato, atinge uma base social já naturalmente mobilizada em ambientes coletivos – desde maio de 68 sabemos que escolas e universidades são espaços que convocam à participação e mobilização coletiva. Enquanto o mundo do trabalho se fragmenta, o que dificulta que o movimento sindical seja o protagonista de grandes mobilizações, a educação ainda é por natureza, geradora de espaços de convivência coletiva e do debate de ideias.

A educação pública no Brasil experimentou uma importante e inédita expansão no Brasil nas primeiras décadas do século XXI. Isso trouxe novos setores sociais, não só os estudantes, mas também suas famílias, que voltaram a enxergar nas escolas e universidades públicas uma oportunidade de mobilidade social. Ter uma filha ou filho no Pedro II, num Instituto Federal, numa universidade pública, foi um sonho de consumo realizável à classe média baixa nos governos Lula e Dilma. Este ciclo de expansão foi quebrado e agora está sendo brutalmente reduzido.

Fato é que o acesso se expandiu e a base social, que se ampliou, está aí sentindo na pele o corte de direitos, bem como o ataque ideológico, a ofensiva bolsonarista contra a inteligência e a circulação de ideias nos espaços da educação. A luta dos estudantes e da juventude é por direitos e por valores. E é por isso que deposito neles, nos jovens que hoje começaram a tomar as ruas do país, a esperança de uma primavera brasileira contra as baforadas do arbítrio, neste outono quente de 2019.

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