De quem é o dossiê?

Em 2002 haviam 3 candidatos competitivos para presidente: Lula, Roseana Sarney e Serra, rigorosamente nesta ordem. A hipótese de Serra não chegar ao 2o turno levou ao desespero a alta cúpula tucana. A ordem expressa era fulminar Roseana Sarney. Logo su

O comitê da candidata foi invadido e o país conheceu, via meios de comunicação, um espetáculo de fazer inveja ao mais criativo produtor cinematográfico: dinheiro, muito dinheiro, esparramado por todos os cantos da sala, exibido a exaustão, graças à generosa cobertura da mídia.



A candidatura de Roseana naufragou. Mas Serra, suspeito número 1 de ter armado a operação, não se elegeu presidente.



No 1o turno da eleição de 2004, em Manaus, a direita fez uma campanha sórdida, raivosa e mentirosa contra Vanessa Grazziotin (PCdoB) e, no 2o turno, inventou o grotesco “caso Soraia” contra Serafim Correa.



Tal qual no episódio de Serra, a direita colheu uma derrota humilhante, graças a repulsa que esses expedientes apelatórios tem provocado num contingente cada vez maior de eleitores.



Agora surge o dossiê “Serra e a máfia dos sanguessugas” o qual, por coerência, também tem o nosso repúdio.



Mas, neste episódio, duas questões básicas precisam ser aclaradas: primeiro, esse tipo de expediente é usado por inescrupulosos em desvantagens nas pesquisas, o que elimina, por ambas as hipóteses, qualquer suspeita sobre Lula; segundo, embora a montagem de dossiês seja uma prática inominável, isso não elimina o fato de que “a máfia dos sanguessugas” operava com desenvoltura no governo tucano, o que é gravíssimo.



Reduzir, portanto, o ato criminoso à montagem do dossiê, sem dar a verdadeira dimensão ao crime principal – a dilapidação dos recursos públicos pelos “sanguessugas” – é, no mínimo, ingenuidade ou má fé por conveniências eleitoreiras.



Afinal de contas, contra quem é o dossiê?

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