Comunicação parlamentar, como reafirmação da representação do Partido

As bancadas comunistas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal – após longo período de autoritarismo e ausência de liberdades democráticas – foram retomadas neste último período histórico a partir de 1985, com o fim do regime militar.

Recuperaram, assim, pouco a pouco, sua dupla representação: a representação do povo que os elegeu deputados, deputadas, senadores, senadoras e a representação política partidária propriamente dita, defensores do Programa Socialista do PCdoB.

Por sua formação política e social, o país continental que é o Brasil não apresenta em sua estrutura os meios de comunicação necessários para a afirmação de forças progressistas e de esquerda que estão privados praticamente de formas de transmissão de suas ideias e de seus programas para a imensa maioria da população. Reina o monopólio de algumas poucas famílias donas dos principais instrumentos de comunicação brasileiros.

No terreno da comunicação parlamentar, além dessa questão estrutural do perfil da comunicação no Brasil, exige-se cada vez mais da capacitação dos responsáveis por transmitir o ponto de vista dos comunistas no Congresso Nacional para o povo que os elegeu. O domínio da linha política partidária é fundamental, mas também se torna vital saber manejar a linguagem que seja plenamente inteligível pela população, e a capacidade de lidar com os mais diversos meios e plataformas de comunicação as mais modernas.

A bancada comunista, nestas mais de duas décadas de legalidade contínua é reconhecida por todas as forças políticas como sendo uma das mais aguerridas e extremamente competente no exercício das lides parlamentares e na defesa de sua visão programática e política. Cada um de seus membros,Carlos Eduardo Cadoca,  Alice Portugal, Ângela Albino, Chico Lopes, Daniel Almeida, Davidson Magalhães, Jandira Feghali, Jô Moraes, Luciana Santos, Orlando Silva Jr., Rubens Júnior e Wadson Ribeiro na Câmara dos Deputados, e Vanessa Grazziotin, no Senado, se destacam em suas funções nas Comissões e nos plenários das duas Casas e do Congresso Nacional. Vários destes parlamentares — todos os anos — são eleitos como os mais ativos e capazes no cenário político nacional por várias instituições da sociedade civil.

Entretanto, devemos investigar o porquê — dentre os dez considerados os melhores parlamentares da Câmara dos Deputados em 2015 pelo Congresso em Foco — está lá apenas uma mulher, a líder da bancada do PCdoB, Jandira Feghali. É bom lembrar que destes dez parlamentares ela é a única da base política de apoio à presidenta Dilma Rousseff. Os outros ou são da oposição conservadora e mesmo reacionária, ou são dos que se apresentam como “esquerda” anti-governista… todos eles com espaço generoso na mídia monopolizada e comercial imperante no Brasil, envolvida numa gigantesca operação golpista e anticonstitucional.

Pode-se dizer que um fator fundamental para este destaque é a capacidade política de Jandira e a linha que a bancada e a direção partidária vêm adotando neste período. Mas certamente teremos que agregar — ao analisar o êxito do mandato — o trabalho realizado pela assessoria de comunicação da bancada federal do PCdoB. O time de profissionais de várias áreas tem feito uma divulgação multimídia do exercício parlamentar, não somente da líder, mas de todos os membros da bancada comunista.

Chegamos a este nível de qualidade da comunicação depois de muitas batalhas travadas de forma absolutamente desigual com o sistema da mídia comercial oposicionista que todos os dias se esmera em desqualificar o ciclo político inaugurado por Lula em 2003 e continuado por Dilma a partir de 2010. O segredo foi investir em comunicação da bancada, combinando material impresso regular com trabalho permanente nas mídias sociais, com produção de programetes para o rádio e em vídeo, releases e artigos para essa imprensa grande, potencializando desta forma nosso discurso e nossas ideias para um público cada vez mais exigente e sedento de argumentos para enfrentar a campanha de aliciamento e ódio protagonizado pela direita.

Esta mudança de concepção de comunicação da bancada teve início fruto de uma violenta e assimétrica guerra de comunicação que sofremos nos últimos anos – praticamente durante um mês inteiro o PCdoB e o seu Ministro do Esporte à época, Orlando Silva, foram alvos diários de uma sórdida campanha de mentiras e calúnias capitaneada pelo jornal O Estado de S.Paulo e pelo Sistema Globo de televisão e rádio. Ao fim e ao cabo o “réu” foi absolvido pelas instituições jurídicas responsáveis pela ação do Executivo e nenhuma das acusações foram provadas. Detalhe: o PCdoB e Orlando Silva não tiveram o direito de resposta e nem ao menos 1% do espaço utilizado para atacar o Partido e seu Ministro durante mais de trinta dias seguidos. Na ocasião o líder da bancada era o ex-deputado do PCdoB do Piauí, Osmar Junior, e medidas foram tomadas para se construir uma equipe de comunicação da Liderança que pudesse enfrentar o desafio de apresentar para a sociedade as ideias e ações dos parlamentares comunistas. A partir de então foi se consolidando uma equipe que se fortaleceu mais ainda na gestão da atual líder Jandira.

Vários desafios, no entanto, se colocam agora para a comunicação da bancada: precisamos de uma integração maior entre a produção local em Brasília com os diversos instrumentos de comunicação nacionais do Partido. Um importante passo foi dado recentemente com a integração maior com a secretaria Nacional de Comunicação do Partido, dirigida por Júlio Vellozo. Assim tudo o que a bancada faz no Parlamento poderá ecoar mais fortemente pelo Brasil afora, em cada Estado, em cada Município, através dos materiais produzidos pela equipe de comunicação da Liderança. São materiais preciosos que poderão compor a pauta diária dos diversos sites, TVs regionais e TVs comunitárias, rádios locais e rádios comunitárias, enfim, teremos o que apresentar em todos os estados brasileiros.

Para que tudo isso seja possível é necessário que as informações cheguem à equipe de comunicação da Liderança imediatamente após serem coletadas e sistematizadas. É preciso também que se estabeleçam determinadas “campanhas” temáticas, em torno das quais se trabalhe de maneira mais aprofundada para dar corpo aos argumentos. Neste último quesito a assessoria da Liderança vem jogando papel fundamental e a assessoria dos gabinetes podem também contribuir. Este tipo de planejamento deve ser dosado cuidadosamente no tempo e no volume de informações para que possamos atingir nossos objetivos e desmascarar o trabalho da oposição, apresentando nossa perspectiva e nossas alternativas políticas.

Por fim, devemos ter em mente que a comunicação se torna — entre um processo eleitoral e outro, ou seja, a cada quatro anos — a reafirmação permanente da representação política e popular de nossos deputados e deputadas. Esta é a chave de nosso trabalho pois o que não se comunica para a sociedade é como se não existisse, como se não houvesse acontecido. As pessoas somente acreditam naquilo que elas tomam conhecimento, ou diretamente pela experiência pessoal ou através da comunicação. (texto preparado para o Seminário de Comunicação da Bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados)

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