Carvalhesa – a luta dos comunistas portugueses

Tive o prazer de representar a UJS no Congresso da Juventude Comunista Portuguesa, no último final de semana. Sem dúvida, foi uma experiência muito rica. Além de comer bacalhau aos mil tipos e ouvir fados belíssimos, pude conhecer melhor os costumes e rememorar os laços históricos que unem nossas pátrias.

A Baixa Lisboeta, o Chiado, o Largo Luiz de Camões e as igrejas são lugares que transpiram história. Os portugueses são hospitaleiros e, ao que me pareceu, gostam do Brasil e dos brasileiros – tanto que muitos dão de barbada que ganharemos a Copa.

Mas nem só de bacalhau, vinho do Porto e férias no Algarve é a vida nas terras de Eça de Queirós. Há também os problemas enfrentados pelo povo, advindos de políticas neoliberais e medidas restritivas que só fazem agravar a crise econômica que tem na Europa o alvo da vez. Contra tais ataques, os trabalhadores podem contar com a força de luta do PCP e da JCP.

Lisboa, Almada, Seixal e alhures estão coalhadas de placas do PCP contra o PEC – pacote de medidas amargas e corte de direitos -, contra o "Roubo nos salários" e denunciando as forças políticas responsáveis pelos ataques – a saber, o governo do PS.

Pelo que foi possível apreender da situação lusa, ocorre por lá algo assim. Após o governo socorrer bancos e grandes empresas no primeiro momento da crise, agora volta
à carga contra os trabalhadores – procura cortar os déficits orçamentários justamente nos serviços sociais e nos direitos adquiridos. Injusto e tendente a aprofundar a crise.

PCP e JCP na dianteira da resistência
Os delegados estrangeiros tivemos o prazer de participar de ações importantes, demonstrativas da força dos comunistas de além-mar.

Uma delas foi o comício do Partido – no sentido brasileiro não seria exatamente um comício, mas uma grande plenária -, preparatório para a manifestação do próximo dia 29, convocada pela CGTP – IN. São aguardados muitos milhares de trabalhadores e jovens para protestar contra as medidas do governo neste dia. Feito que será possível, pelo que pude ver, dadas as vastas e dedicadas fileiras militantes do Partido.

Além disso, para demarcar sua posição, o Partido fez ir a voto, na Assembleia da República, uma moção de censura contra o governo. A proposta, como se sabia, foi rejeitada, mas explicitou o pensamento de uma força política com a qual o povo pode contar neste momento difícil.

A outra foi uma passeata da JCP, da Assembleia da República ao Largo Luiz de Camões, que cumpriu o papel tanto de publicidade da entidade quanto de denúncia das medidas.
Neste 9º Congresso da JCP, a pauta da resistência às medidas neoliberais permeou todos os debates, preparando sua extensa militância para a grande batalha que se aproxima.

A lembrança de Abril
Portugal é um país profundamente marcado pela luta antifascita e pela gloriosa Revolução dos Cravos, feitos sempre presentes na memória e na prática dos comunistas,
velhos ou jovens.

Por isso, ao mesmo tempo em que combatem a realidade difícil dos dias de hoje, os revolucionários de lá trazem sempre a perspectiva de que aconteça um novo Abril.

Solidários ao mundo; construindo o socialismo em cada país
Bastante ligado à própria realidade portuguesa, a concepção internacionalista expressada pelo presidente do PCP, em jantar oferecido às representações estrangeiras, muito se aproxima da concepção dos comunistas do Brasil.

Disse que temos, em Portugal, uma força comunista, solidária aos povos de todo o mundo e defensora da soberania de cada um deles. E concluiu: a melhor contribuição dos portugueses à luta internacional da classe é criar as condições para a construção da nova sociedade em Portugal. Certeiro.

A Carvalhesa
Entre os legados da Revolução de Abril, um anima os jovens ao final de cada atividade. É a “Carvalhesa”, música popular da região de Trás-os-Montes e espécie de hino da festa do Avante!, que, quando tocada, remexe a tranqüilidade característica dos patrícios e os torna animados, elétricos, assim como somos os brasileiros.

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