Aprendendo com a Bolívia

A geopolítica nos ensina que qualquer nação desejosa em aspirar à condição de “potência” deve combinar 3 fatores básicos: mercado consumidor próprio, base econômica diversificada e abundância de recursos naturais.

Isto significa que uma nação não pode condicionar o seu desenvolvimento ao fornecimento de matéria prima de outras nações, mesmo daquelas com as quais se mantenha relações amistosas. Quem optar por este caminho deve ter presente que estará sempre vulnerável, a mercê da variação do humor e da conjuntura política.


 


Por outro lado, a geopolítica também nos ensina que o respeito à correlação de forças e a busca de alianças amplas são peças fundamentais a uma ação política vitoriosa.
Assim, a decisão do presidente Evo Morales de nacionalizar a exploração do petróleo e do gás boliviano confirma, sob qualquer aspecto, estas duas assertivas teóricas.


 


A reafirmação da soberania boliviana sobre os seus recursos naturais, repetindo um fenômeno que já ocorreu em 1937 e 1969, comprova a vulnerabilidade de quem depende de recursos naturais alheios e, por outro lado, demonstra que o então presidente FHC cometeu um erro estratégico, ao optar pelo abundante e barato gás boliviano em detrimento do gás brasileiro, menos abundante e mais caro, mas nosso.


 


E a decisão unilateral adotada pelo presidente Evo Morales em relação ao Brasil e a Petrobrás revela, a um só tempo, que ele não está levando em conta a “correlação de força” do mundo e, principalmente, que ele não tem presente a necessidade de uma aliança estratégica com o Brasil, inclusive para o sucesso de sua política de resgate da soberania de seu país.


 


A Bolívia é um país de um povo bravo e valoroso, mas com uma economia bastante fragilizada por anos de espoliação. Seu PIB de 9 bilhões de dólares corresponde a menos de 50% do faturamento da Zona Franca de Manaus. Isolada, não vai a lugar nenhum.


 


Esperamos que pelo menos se intensifique a exploração de nossas reservas de gás.

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