Amazônia conectada

Em 1637, o capitão Pedro Teixeira estendeu um marco geopolítico nas águas do Rio Amazonas, percorrendo em canoa a remo o estirão de Belém a Quito, no atual Equador, para fincar a bandeira de Portugal naquela imensa faixa de terra que, pelo Tratado de Tordesilhas, pertencia à Espanha. Anexou a metade do Brasil de hoje. Mas a Amazônia permaneceu vinculada a Portugal até 1823, quando a província do Grão-Pará aderiu à Independência. Em 1903, o mapa da região foi bordado com a incorporação do Acre.

Com 3,5 milhões de km2 e apenas 10% da população nacional, santuário da maior biodiversidade do planeta, a Amazônia é uma dádiva que o Brasil ainda aprende a desfrutar. Foram muitas as iniciativas para ocupá-la e preservá-la, integrando-a, com os recursos de época, à comunidade nacional. A mais recente é também a mais avançada do ponto de vista da Ciência e Tecnologia: emulando o pioneirismo de Pedro Teixeira, o Governo Federal está singrando grandes rios com cabos de fibra óptica para conectar a região à modernidade digital.

O Projeto Amazônia Conectada começa com a instalação de 10 mil metros de cabo entre unidades militares, mas se alongará por 7.800 quilômetros. Ao final haverá cinco infovias para cobrir as calhas dos rios Negro, Amazonas, Purus, Juruá e Madeira, em áreas isoladas onde vivem 3,8 milhões de brasileiros. Logo poderão usar os últimos recursos da tecnologia da informação.

Ambivalente para Defesa, Ciência e Comunicações, o programa terá redes de satélite de monitoramento e de banda larga para telecomunicações, interligando instituições de pesquisas e viabilizando a prospecção de riquezas naturais e saberes regionais com um arsenal tecnológico de última geração. A cooperação entre os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, Defesa e Comunicações, e planejamento da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), vinculada ao MCTI, permitirá aos cientistas utilizarem a logística do Exército – sentinela da região desde a época de Pedro Teixeira.

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