Água: o drama da escassez

A maioria dos especialistas em recursos hídricos converge para um diagnóstico nada otimista em relação à disponibilidade de água doce no planeta terra. Segundo estes especialistas, o cenário mais provável é que a humanidade caminhe para uma crise mundial

O diagnóstico do International Water Managment Institute sobre distribuição de água doce no mundo é, igualmente, pouco animador. Classifica como região “próxima da escassez física de água” aquela com mais de 60% dos mananciais comprometidos e “com escassez física de água” onde esse comprometimento já ultrapassou os 75%.



Nesta categoria estão regiões de países como Afeganistão, Arábia Saudita, Austrália, Chile, China, Espanha, Estados Unidos, Índia, Irã, Iraque, México, Norte e Sul da África, Paquistão e Turquia, dentre outros.



Alguns estrategistas chegam mesmo a afirmar que se no século passado as guerras foram pelo controle do petróleo, neste século elas ocorrerão pelo controle da água. Isso confere à Amazônia um caráter estratégico, na medida em que esta região concentra em torno de 20% da água doce do planeta.



Dentro dessa lógica, o manejo adequado e, principalmente, o controle dos mananciais de água tem caráter estratégico, com implicações geopolíticas que transcende, em muito, aspectos meramente econômicos.



Nesse contexto, “privatizar a água”, como ocorreu no Amazonas, sob o governo de Amazonino Mendes (PFL) foi uma dupla estupidez, tanto de natureza econômica quanto geopolítica.



Do ponto de vista econômico porque os recursos arrecadados com a “privatização” até hoje não se converteram em qualquer benefício para a população e, ademais, isso resultou numa brutal elevação das tarifas de água que, de resto, ainda não apareceu na torneira de mais de 500 mil pessoas em Manaus.



E do ponto de vista geopolítico porque o diagnóstico dos especialistas quanto à escassez de água no planeta, é por si mesma, razão mais do que suficiente para que ninguém, com um mínimo de capacidade de análise política, prescinda do controle de tão importante bem estratégico como foi feito no Amazonas.

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