A Suprema Razão

Escrevo este artigo logo após o término da memorável partida entre a França e Portugal. Notável, nem tanto pela técnica, mas pelo empenho dos jogadores, pela garra, amor, responsabilidade para com as camisas de suas naç&ot

A final será disputada domingo entre a França e a aguerrida Itália. Confesso que torci pelos portugueses. De qualquer maneira, será um épico entre duas seleções latinas, considerando que a França é neolatina.

De mais a mais, ouviremos mais uma vez a Marselhesa, esse hino que emociona o mundo inteiro pela sua beleza e história.

Quanto ao nosso selecionado, podemos declarar que ele se desnudou inteiramente. Trata-se de uma equipe que profana a grande tradição da História do futebol nacional.
Nelson Rodrigues já não mais se encontra entre nós. Deve estar ao lado dos nossos craques imortais, cheio de indignação.

Há, creio sinceramente, uma razão suprema, um diagnóstico inapelável para explicar o pífio desempenho do nosso selecionado. Ninguém, salvo um ou outro, vestiu a camisa verde e amarela da nossa pátria. A cultura, a arte, a garra do futebol brasileiro, desapareceram. 

Foram substituídas por exibições de narcisismos extremos. A maioria dos jogadores da seleção nacional pareciam astros embebidos em vaidades e egocentrismos. Como atores, com várias exceções, do atual cinema americano, expostos diariamente à grande mídia especializada. Banalizados, pré-fabricados, que se transformam em modelitos despersonalizados. Sem virtudes ou o que é pior, sem defeitos.

A intimidade para com os adversários franceses, antes ou após o jogo, não pode ser confundida com civilidade.
T
rata-se de despersonalização psiquiátrica.

E explico, antes de ser acusado do exercício ilegal da medicina. Perderam o norte, o sul, o nordeste, o leste da pátria. São protótipos da globalização, apátridas bilionários. Ao contrário dos argentinos, italianos e coisa e tal, não suavam a camisa, não expeliam fogo pela boca em cada lance.

Não jogavam uma copa do mundo, exibiam seus dotes de grã-finos, como dizia Nelson Rodrigues em seus memoráveis comentários futebolísticos. Para mim, a próxima seleção deve ser composta de brasileiros.

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