A força do campo

João Cabral de Melo Neto, num belo poema, assim registrava a vida do retirante nordestino: Essa cova em que estás, com palmos medida, é a cota menor que tiraste em vida. É de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe neste latifúndio. Não é

Foi com o propósito de construir um mundo diferente deste retrato pelo nosso poeta, que nada menos do que 800 trabalhadores e trabalhadoras participaram do I Encontro de Trabalhadores de Agricultura Familiar do Amazonas, realizado de 28 a 30 deste mês, no campus da UFAM, em Manaus. O evento, realizado pelo sistema SEPROR, contou com a participação decisiva da AFEAM, Suframa, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Basa, Banco do Brasil, Bradesco, Sebrae, GTZ, Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentado e, principalmente, do governo do Estado do Amazonas.


 



O encontro tinha como objetivo central concluir o debate sobre a nova política agrícola do estado do Amazonas, após a realização de encontros com comunidades urbanas do entorno de Manaus, prefeitos e secretários municipais de agricultura, entidades de classe, sindicais e instituições de ensino e pesquisa.


 



Passamos em revista a produção, o licenciamento ambiental, a regularização fundiária, a assistência técnica e extensão rural, o escoamento, o armazenamento, a comercialização, a infraestrutura necessária, a industrialização de nossa matéria prima, a necessidade da ciência e da tecnologia na produção, a importância da educação, da cultura e do esporte e, principalmente, como elevar o nível de renda de homens e mulheres do campo.


 



Foi um evento dinâmico, com intensa participação, refletindo a maturidade e a determinação dos participantes de fazer deste estado um grande produtor de alimentos com sustentabilidade. E isto é possível usando apenas um quinto da área já desmatada.


 



No Brasil o setor primário é a parte mais dinâmica da economia. Foi o responsável pelo saldo espetacular de 22 bilhões de dólares da balança comercial no 1o semestre deste ano. No Amazonas, como saltamos da coleta de castanha para a TV de plasma sem fazer a trajetória agrícola consistente, ainda estamos na fase inicial. Temos avanços e desafios que serão superados, até porque “a humanidade não se põe problema que não possa resolver”.

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