A direita facilitou a espionagem

Muitas vezes a sociedade se questiona porque certas coisas acontecem sem que ninguém lhe dê uma explicação convincente, como é o caso da espionagem praticada pelo governo americano contra “aliados”, incluindo o Brasil, e outros nem tanto.

A razão porque ninguém explica é simples. Os ditos “grandes meios de comunicação” como um instrumento do aparelho de estado não podem revelar que foram exatamente os seus tutores ou os prepostos destes que facilitaram o serviço de espionagem no Brasil, o que não elimina, obviamente, que ela não ocorreria sem essa “prestimosa ajuda”.

E a prestimosa ajuda a que me refiro foi exatamente o que o governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso (PSDC) fez ao entregar todo o sistema de telecomunicações do país ao capital privado, especialmente o norte americano, durante o período de desmonte do estado nacional, que eles chamavam de “reformas modernizantes”.

Até bem pouco tempo se jactavam disso. Agora, com a revelação de que os serviços de espionagem bisbilhotam todo o mundo – o que a rigor não representa nenhuma surpresa – eles repentinamente ficaram mudos. Sabem que o seu servilismo, seu pouco amor a pátria, facilitou ainda mais a invasão da vida privada de todos nós e não apenas dos mandatários, como é o caso da presidenta Dilma Rousseff, covardemente espionada pela CIA americana.

Agora, também, talvez fique claro porque combatemos com tanto ardor a privatização das telecomunicações. Não era uma questão apenas econômica. Estava em jogo, como os fatos demonstraram, questões de segurança e soberania nacional.

Em 1994, sob o comando de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi aprovada a quebra do monopólio nas telecomunicações pelo Congresso Nacional.

Abriu-se, a partir daí, os caminhos para que, quatro anos mais tarde, se consumasse a privatização das telecomunicações brasileiras. Até então, a Constituição Federal de 1988, no artigo 21, assegurava o monopólio estatal no setor de telecomunicações brasileiro: somente empresas sob controle nacional e estatal poderiam explorar redes de telecomunicações no Brasil.

Com a quebra do monopólio, permitiu-se que, sob concessão e permissão, o capital privado poderia assumir o controle de empresas de telecomunicações. O resultado está sendo visto agora, com a descoberta da espionagem, facilitada por nós mesmos. Em outras palavras, demos o galinheiro para a raposa tomar conta.

Quanto a isto, só nos resta clamar pela anulação da privatização das telecomunicações brasileiras e retomar o controle de um setor extremamente importante para nossa soberania.

Toda tragédia, com sabedoria e independência, pode se converter numa boa causa!

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