Nem sentar à mesa, nem pisar nas minas

Mesmo sem usar nenhuma metáfora belicista ou gastronômica considero um erro qualquer tentativa de aproximação amigável da direção sindical com o governo Bolsonaro.

É preciso não ter ilusões. Papai Noel não existe e, se existe, suas as renas são bestas ferozes e o seu saco é um saco de maldades.

Vejamos a aprovação com aquiescência de representantes sindicais do desmantelamento das normas regulamentadoras. Os efeitos desta “participação” serão sentidos por muito tempo e os prejuízos aos trabalhadores serão em um futuro próximo debitados na conta da irresponsabilidade sindical.

A mesma coisa está se passando com o funcionamento do GAET – Grupo Assumido de Entraves Trabalhistas – cuja composição, que exclui qualquer representação dos sindicatos, predetermina quais serão suas recomendações e propostas. A “participação” de convidados, se aceita ou se pedida, somente reforçará a impressão de conveniência e corresponsabilidade interesseiras.

Insisto em reafirmar que nunca um exército derrotado pôde impor as regras de capitulação sem que isto significasse algo diferente da mais abjeta subserviência.

Ao movimento sindical e a seus dirigentes cabe a tarefa de resistência, em primeiro lugar a resistência às agressões que os trabalhadores sofrem e, relacionada a ela, a resistência ao desmanche da rede sindical de representação.

Se nos são destinadas apenas as sobras já mastigadas da comida do banquete dos bolsonaristas não devemos participar mendicantes do festim e, sobretudo, não devemos pisar nas minas explosivas colocadas em nosso caminho e no caminho dos trabalhadores.

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