Indígenas são baleados durante missão emergencial no Pará

A comunidade indígena informou que acredita que os tiros sejam responsabilidade de pessoas ligadas à empresa multinacional Brasil Bio Fulls – BBF, que produz azeite de dendê na região.

Moradores da comunidade protestaram na porta da delegacia pedindo a soltura imediata e o atendimento médico ao indígena baleado. Foto? Divulgação

Indígenas da etnia Tembé, moradores da comunidade Turé Mariquita, em ToméAçu (Pará) sofreram ataques a tiros na segunda, 7 de agosto, enquanto uma missão emergencial coordenada pelo Conselho Nacional dos Direitos Humanos – CNDH se dirigia para o município com o objetivo de apurar denúncias de violações a direitos humanos.

O ataque atingiu três pessoas, sendo duas mulheres e um homem que, mesmo ferido com tiros nas costas, foi levado à delegacia por policiais e segue preso, sem atendimento médico. A comunidade indígena, que esperava a missão de direitos humanos, informou a conselheiros que acredita que os tiros sejam responsabilidade de pessoas ligadas à empresa multinacional Brasil Bio Fulls – BBF, que produz azeite de dendê na região.

O ataque teria sido motivado pela denúncia feita por um cacique no último dia 4 de agosto, em Belém do Pará, durante evento promovido pelo CNDH nos Diálogos Amazônicos, preparatório para a Cúpula da Amazônia. Na ocasião, o cacique informou, em lágrimas, que seu filho, que ainda é criança, foi alvejado nas partes íntimas durante conflitos na região.

Leia também: Amazônia receberá o maior volume de investimentos em ciência da história

Outro indígena foi baleado em um ataque na sexta, 5 de agosto.

Moradores da comunidade protestaram na porta da delegacia pedindo a soltura imediata e o atendimento médico ao indígena baleado.

A conselheira do CNDH, Virgínia Berriel, relata que, durante o deslocamento para a missão, a rodovia estava fechada com intuito de impedir o acesso da delegação, que conta com representantes da Organização das Nações Unidas, Fabíola Corte Real; a subprocuradora geral do Ministério Público do Trabalho, Edelamare Barbosa Melo; além de representantes da Human Rights, Comissão Pastoral da Terra, Redes de Liberdade, Cimi, entre outras entidades.

“É mais um ataque covarde aos direitos humanos, porque isso só aconteceu devido à nossa vinda ao local”, afirma Berriel.

Autor