Parlamentares da CPI realizam diligências em acampamentos que não são do MST

CPI tenta criminalizar toda a luta no campo na imagem do MST; reunião com Polícia Judiciária na região do Pontal do Paranapanema (SP) teve visitas em localidades da FNL

Foto: Alex Schneider

Nesta segunda-feira (29), os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) estiveram em Presidente Pudente (SP), na região do Pontal do Paranapanema que faz divisa com os estados de Mato Grosso do Sul e Paraná. No entanto, os membros da CPI criada para atacar a luta pela Reforma Agrária visitaram acampamentos que não são do MST.

A reunião foi realizada com o Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) com posterior diligências na zona rural, onde estão acampamentos e assentamentos. Conforme apontou o g1, estiveram no interior paulista os deputados (as): Coronel Zucco (Republicanos-RS), presidente da comissão; Ricardo Salles (PL-SP), relator; Caroline de Toni (PL-SC); Lucas Bove (PL-SP); Magda Mofatto (PL-GO); Messias Donato (Republicanos-ES); Nilto Tatto (PT-SP); e Rodolfo Nogueira (PL-MS).

Leia também: PF investiga presidente da CPI do MST por incentivo a atos antidemocráticos

O único deputado da base do governo presente, Nilto Tatto, disse em suas redes sociais: “Vamos acompanhar a Diligência da CPI do MST no Pontal do Paranapanema. CPI que foi criada para criminalizar a luta pela Reforma Agrária; atacar o governo Lula, em especial as políticas de apoio à Agricultura Familiar, à Reforma Agrária, à demarcação de terras indígenas e quilombolas.”

De acordo com o integrante do MST, Zelitro Luz, para a Agência Brasil, foram visitados os acampamentos – Olga Benário e Miriam Farias – no município de Sandovalina, e a Fazenda Santa Mônica, no município de Rosana, que são da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), não do MST.

Como explica Zelitro: “A CPI não tem noção dessas várias organizações sociais do campo. Para eles [parlamentares], tudo é MST, é por isso. Embora o foco seja MST, eles queriam atingir todos os movimentos de luta pela terra independente do MST”, disse.

Leia também: Organizações religiosas repudiam a criminalização do MST na CPI

A tentativa de criminalizar toda a luta no campo na imagem do MST fez com que os bolsonaristas visitassem acampamentos que não são do movimento. No caso, a escolha dos bolsonaristas da CPI visou a FNL, pois esta é liderada  por José Rainha, que deixou o MST em 2004. Ele foi preso em março, junto com Luciano de Lima, acusados de extorquirem fazendeiros da região. A FNL disse que a prisão teve cunho político e que seria uma retaliação às atividades do Carnaval Vermelho, em que a Frente realizou uma série de ocupações na região do Pontal do Paranapanema.

Na ocasião, a Frente comunicou que: “O objetivo do Carnaval Vermelho é trazer para a discussão a contradição de sermos um dos países que mais produz alimentos no mundo, porém temos mais de 125 milhões de brasileiros com alguma insegurança alimentar. A FNL vem denunciando essa contradição de forma contundente, são milhares de sem tetos e sem terras indo morar em ocupações promovidas pela FNL, seja no campo ou na cidade”.

CPI

Ao Portal Vermelho, o fundador e membro da direção nacional do MST, João Pedro Stedile, disse que “A CPI é um jogo de cena da extrema-direita. Como eles [bolsonaristas] perderam a eleição no Executivo, estão transformando o Legislativo em um cavalo de troia para todo o tempo enfrentar o governo, enfrentar a esquerda, enfrentar qualquer proposta de mudanças no Brasil. O MST está sendo vítima dessa jogada da direita que tenta criar, com a CPI, um holofote sobre nós, para evitar que os crimes deles aflorem”, criticou.

*Informações Agência Brasil. Edição Vermelho, Murilo da Silva.

Autor