IBGE conclui a fase de coleta de dados do Censo Demográfico

Programado para 2020, adiado pela pandemia e ‘sabotado’ por Bolsonaro, apuração começou somente em 2022; expectativa é que em 28 de junho sejam divulgados os primeiros resultados

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Fundamental para dimensionar o tamanho e observar a realidade da população brasileira com foco na orientação de políticas públicas, a fase de coleta de dados do Censo Demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi encerrada no domingo (28). A expectativa é que os primeiros dados sistematizados sejam divulgados em 28 de junho. O órgão espera chegar até o final do ano com a divulgação de 80% a 90% dos resultados.

A pesquisa domiciliar que está presente em todos os 5.570 municípios do país teve a fase de coleta iniciada, de moradia em moradia, no dia 1º de agosto de 2022. Antes houve a preparação para a coleta pelos postos do IBGE espalhados pelo Brasil.

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Marcado para acontecer a cada 10 anos – o anterior ocorreu em 2010 -, o Censo Demográfico foi adiado em 2020 pela pandemia de Covid-19. Em 2021, o governo Bolsonaro contingenciou os valores para a realização da pesquisa, o que inviabilizou a realização. O valor irrisório destinado pela gestão bolsonarista não permitia o investimento necessário em equipamentos e contratações: um verdadeiro boicote.

Somente após o Supremo Tribunal Federal (STF) intervir é que foi marcado para 2022 o início da pesquisa que, mesmo assim, enfrentou diversas dificuldades. A captação de dados foi marcada por confusões, atraso de salários e precarização das funções.

Tanto que a coleta da pesquisa que deveria ser encerrada ainda 2022 foi postergada diversas vezes até ser finalizada em definitivo em 28/5.

Apesar de finalizar esta fase, o IBGE informa que outras etapas da pesquisa ainda estão em campo e, portanto, “mesmo após o dia 28 de maio, alguns domicílios ainda podem receber visitas dos recenseadores, referentes à Pesquisa de Pós Enumeração, para acompanhar a qualidade do trabalho realizado.”

Mobilizações

No mês de março, o IBGE realizou, em 20 estados, a Ação Nacional de Mobilização para atender a diversas localidades em que houve atrasos na captação de informações. A iniciativa teve apoio da Central Única das Favelas (Cufa) e do Data Favela em seis estados — Bahia, Goiás, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.

Em abril, foi realizada a Ação de Mobilização do Censo em Áreas de Alta Renda, com equipes de conscientização para tentar captar o maior número de informações nos domicílios que ainda estavam sem resposta.

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A população ainda teve disponível o telefone 137, Disque-Censo, para agendar uma entrevista com recenseador do IBGE.

Importância

O Censo Demográfico é responsável por abastecer com informações as diversas instâncias da sociedade. São dados demográficos, sociais, econômicos, educacionais, sanitários, comportamentais, entre outros, que são utilizados para basear pesquisas e orientar políticas públicas. Mas não se resume a isto. Os dados divulgados pelo IBGE também embasam iniciativas de empresas e organizações não governamentais.

A partir dos dados que permitem conhecer as condições de como vivem os habitantes do Brasil, os gestores formulam estratégias para destinação de recursos com maior equilíbrio do desenvolvimento social. Além disso, os dados populacionais são utilizados pelo governo federal para realizar repasses para as cidades pelo FPM (Fundo de Participação de Municípios). Porém com os dados defasados pelo atraso do último Censo, é possível que os repasses estejam em níveis desiguais, uma vez que os coeficientes populacionais se alteraram ao longo dos mais de 12 anos que separaram as duas últimas pesquisas.

Por isso a necessidade de dados fidedignos e de um calendário ajustado para que as pesquisas censitárias retratem o mais próximo possível a realidade nacional.

*Informações IBGE e Agência Brasil. Edição Vermelho, Murilo da Silva.

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