Petrobras insiste por petróleo na Foz do Amazonas

O Ibama negou o licenciamento para que a estatal explore petróleo na região. O órgão ambiental alegou que tomou uma decisão técnica

Blocos de exploração localizados na bacia sedimentar da foz do amazonas (Imagem: Ibama)

Em nota, a Petrobras informou que vai recorrer da decisão do Ibama que negou licenciamento para explorar petróleo no bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas. O Instituto analisa outros 21 pedidos de licença para exploração na região.

Em outro comunicado, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) disse que a decisão cabe exclusivamente ao Ibama, que é ligado à pasta.

Para resolver impasse, o presidente em exercício Geraldo Alckmim chamou para uma reunião a ministra do MMA, Marina Silva, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

De acordo com a petrolífera, a exploração do bloco foi um compromisso assumido pela estatal com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP) e que incorrerá em multa se não for realizado.

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A empresa diz que que “atendeu rigorosamente todos os requisitos do processo de licenciamento e todos os recursos mobilizados no Amapá e no Pará para a realização da Avaliação Pré-Operacional (simulado para testar os planos de resposta à emergência) foram feitos estritamente em atendimento a decisões e aprovações do Ibama”.

A decisão do órgão ambiental, de acordo com a estatal, limita os planos do Ministério de Minas e Energia de produzir óleo e gás na área conhecida como Margem Equatorial, que se estende do Oiapoque, no Amapá, até o litoral do Rio Grande do Norte. A área é chamada de novo pré-sal.

Ibama

Já a pasta do meio ambiente esclareceu que o governo federal é responsável pelo licenciamento e compete “exclusivamente” ao Ibama fazer o processo, a partir de análise e fundamentação técnicas.

“No processo de licenciamento do bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas, a equipe da Diretoria de Licenciamento Ambiental do Ibama concluiu, após análise aprofundada e baseada em evidências técnicas e científicas, que não há elementos que subsidiem uma manifestação favorável à licença. A decisão do presidente do Ibama se deu em consonância com a conclusão da área técnica”, diz a nota.

O parecer técnico considerou, entre outros pontos, “inconsistências identificadas sucessivamente no projeto analisado”, “notória sensibilidade socioambiental da área de influência e da área sujeita ao risco” e “latente necessidade de se elaborarem avaliações mais amplas e aprofundadas para atestar a adequabilidade da cadeia produtiva da indústria de petróleo e gás na região”.

“O Ibama não trabalha sob pressão, o Ibama trabalha com seu corpo técnico”, explicou o presidente do órgão, Rodrigo Agostinho. “A decisão foi técnica”, completou.

Foto de um recife de coral mesofítico, na foz do rio Amazonas, tirada a 100 metros de profundidade no recife amazônico (Foto: Alexis Rosenfeld/Greenpeace)

Corais

A decisão foi comemorada pelos ambientalistas. O Greenpeace diz que houve proteção para uma biodiversidade gigantesca, única e ainda pouco conhecida. “Os Corais da Amazônia, por exemplo, foram descobertos há poucos anos e ainda há muito a ser estudado e catalogado pela ciência na região”, diz.

“Essa é uma vitória do bom senso, pautada em evidências científicas e no princípio da precaução. Uma oportunidade para que o país e a própria Petrobras se posicionem do lado certo e estratégico da história. Por uma transição energética justa, que valorize o que temos de diferencial: nossa biodiversidade, nosso povo e o enorme potencial em fontes limpas e renováveis”, defendeuo porta-voz do Greenpeace Brasil, Marcelo Laterman.

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