Silêncio de Mauro Cid na PF frustra bolsonaristas

Apoiadores de Bolsonaro esperavam que o ex-ajudante de ordens assumisse sozinho o crime de falsificação dos cartões de vacina do ex-presidente

Foto: Reprodução

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, optou pelo silêncio no depoimento que daria para a Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (18) sobre as investigações da falsificação dos cartões de vacina contra a Covid do ex-presidente e da filha dele, Laura.

Por conta disso e da falsificação do seu cartão e da esposa, ele está preso desde o dia 3.

Na última terça-feira (16), Bolsonaro depôs na PF e negou que tenha determinado inserção de dados falsos no ConecteSUS.

Na ocasião, o ex-presidente disse que se Cid arquitetou esquema adulteração de cartões de vacinação contra a Covid, “foi à revelia”.

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Avalia-se que tanto o ex-presidente quanto seus apoiadores ficaram frustrados com a estratégia usada pelo ex-ajudante, uma vez que esperavam que ele assumisse sozinho o crime, mesmo na condição de quem executa ordens.

Mauro Cid já enviou outros sinais desagradáveis para os bolsonaristas com a mudança na sua equipe de defesa. O advogado Rodrigo Roca, próximo da família Bolsonaro, foi substituído pelo criminalista Bernardo Fenelon, especialista em colaboração premiada.

A situação do ex-ajudante de ordens é cada vez mais complicada. Do material apreendido com o militar, a PF obteve mensagem na qual ele orienta que despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e de parentes fossem pagas em dinheiro vivo.

Noutra, o tenente-coronel e Ailton Barros, ex-major do Exército e amigo de Bolsonaro, aparecem tramando um golpe de Estado em dezembro de 2022.

O ex-ajudante também está envolvido no caso das joias sauditas milionárias retidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos. Sem sucesso, o militar tentou recuperá-las para o ex-presidente.

De acordo com informações da PF, Cid permaneceu o tempo todo calado. Além da falsificação dos cartões de vacina, ele também teria sido questionado sobre os atos golpistas de janeiro e as movimentações financeiras dos antigos ocupantes do Palácio da Alvorada.

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