“Talisman Saber”: Preparativos para a guerra em Taiwan

Mais: ELN suspende diálogo de paz com governo colombiano / Lula será, no G7, um mensageiro da paz / Erdogan agradece a vantagem no 1º turno, “apesar da Pensilvânia”.

Soldado americano em Shoalwater Bay durante o Talisman Saber 2011 / Foto: Michele Desrochers – flickr.com

O exercício de guerra “Talisman Saber” (sabre da sorte, ou espada da sorte em tradução livre), liderado por Estados Unidos e Austrália, acontece bianualmente desde 2005. No entanto, no contexto do surgimento em 2021 da AUKUS, em sua 10ª edição a “Talisman Saber” alcança uma dimensão inédita. A AUKUS é uma aliança militar envolvendo Austrália, Reino Unido e EUA (sendo a sigla o acrônimo em inglês dos países membros) tendo como zona de atuação o indo-pacífico e como alvo explícito a China. Em 2023 o “Talisman Saber” reunirá, durante 14 dias (de 22 de julho a 4 de agosto), cerca de 30 mil militares dos EUA, Austrália, Reino Unido, Japão, Indonésia, França, Alemanha, Canadá, Fiji, República da Coreia, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné e Tonga. De acordo com o ministro australiano da Defesa, Richard Marles, será o maior jogo de guerra já realizado. O General de Brigada estadunidense Jered Helwig, declarou: “A escala (do 10º Talisman Saber) é de uma ordem de magnitude maior do que qualquer coisa que já foi feita antes”. O exercício tem como claro objetivo a preparação para uma eventual intervenção conjunta contra a China tendo como pretexto a questão de Taiwan que, ironicamente, todos os três países da AUKUS reconhecem formalmente como parte da República Popular da China (RPC). Navios de guerra chineses acompanham de perto os exercícios militares, o que já provocou mais de uma cena de tensão. Em 2021 a Austrália acusou a RPC de enviar repetidas vezes navios espiões para suas águas territoriais para “monitorar a preparação dos jogos de guerra Talisman Sabre”. A China diz que a AUKUS é o embrião de uma “Otan do pacífico”.

Solidariedade com os camaradas australianos

As forças progressistas e defensoras da paz na Austrália promovem intensa campanha de denúncia e mobilização contra a AUKUS e a realização do “Talisman Sabre”. O The Guardian, órgão central do Partido Comunista da Austrália, fonte da maior parte das informações da nota anterior, registra indignado o tom subserviente do Ministro da Defesa do país, que em release de divulgação do exercício deste ano faz juras de uma “duradoura aliança” com os EUA e chega a orientar os soldados da Austrália a não falarem gírias australianas durante o exercício, “para não confundir os soldados americanos”. Nós, brasileiros, já tivemos um deputado, Otávio Mangabeira, da UDN, que beijou a mão de um general americano (Dwith Eisenhower). Um outro político da UDN, Juracy Magalhães, ao ser indicado embaixador do Brasil em Washington, disse que “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil“. E recentemente um presidente brasileiro, felizmente já defenestrado, batia continência para a bandeira gringa. E a verdade é que parte importante da burguesia brasileira gostaria mesmo é de ter nascido em Miami. Portanto, nossa solidariedade aos camaradas australianos. Sabemos como se sentem.

Guerrilha ELN suspende diálogo de paz com o governo colombiano

Pablo Beltrán, chefe da delegação do ELN nas negociações de paz

Poucos dias depois de uma nota oficial em que avaliava os avanços da negociação de paz com o governo colombiano como “lentos, mas sólidos” como informamos na Súmula Internacional desta terça-feira (16), o grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN) decidiu pausar as conversações, que estão ocorrendo em Havana. A atitude ocorre em protesto contra uma declaração do presidente Gustavo Petro, que teria acusado a guerrilha de ter vínculos com o narcotráfico. Segundo o chefe da delegação guerrilheira, Pablo Beltrán, a delegação do ELN pediu esclarecimentos sobre a declaração e avaliará a resposta do governo. Em reunião com militares, na última sexta-feira, Petro disse que apesar das negociações com o ELN devia-se “destruir” sua “receita ilícita” e colocou em dúvida a capacidade de comando da direção guerrilheira sobre as tropas rebeldes. Beltrán assinalou que esses pronunciamentos contradizem o status político que o governo dá ao grupo guerrilheiro. “Se o presidente disser aos generais que somos um grupo apolítico, que somos como um cartel de drogas, as negociações serão desperdiçadas”, acrescentou.

Lula será, no G7, um mensageiro da paz

Mesmo diante da ofensiva incessante do trio EUA/União Europeia/Otan no sentido de promover uma visão unilateral do conflito na Ucrânia a serviço da escalada da guerra, a expectativa é a de que o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva vá atuar como um defensor da paz durante a cúpula do G7 que será realizada nos dias 20 e 21 de maio em Hiroshima (Japão). Lula, que participa como convidado da cúpula, “trará uma mensagem de paz”, disse o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, Maurício Lyrio, em entrevista coletiva. O diplomata explicou que no final da cimeira serão assinadas duas declarações, uma exclusiva para os membros do fórum, e outra à qual aderirão os países convidados. Este segundo documento certamente será alvo de grande pressão para que, em certa medida, os convidados endossem a essência do documento oficial dos países membros do G7, que deve reforçar as sanções contra a Rússia e estimular, na prática, a continuidade do conflito, colocando condições para negociações de paz que são inaceitáveis para a Rússia.  Por outro lado, o Brasil irá insistir que a saída não é estimular a continuidade do conflito, mas achar meios para alcançar o seu fim e focar em medidas para mitigar os prejuízos que os combates trazem à já precária segurança alimentar dos países pobres e em desenvolvimento. O Brasil assume a presidência do G20 em dezembro de 2023, além disso o presidente Lula tem grande prestígio político, sagacidade diplomática e pode contar com a ajuda de outros países, como a Índia, para reforçar uma posição equilibrada e de efetivo compromisso com a paz.

Erdogan agradece a vantagem no 1º turno, “apesar da Pensilvânia”

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, celebrou os resultados das eleições presidenciais realizadas deste domingo (14), nas quais, segundo o Conselho Supremo Eleitoral (YSK), obteve 49,51% dos votos, ao mesmo tempo em que acusou a oposição e os Estados Unidos de tentar interferir nos resultados. “A nossa nação, apesar da engenharia política da oposição, desde a Pensilvânia (estado norte-americano onde nasceu o presidente Joe Biden), das redes sociais e das capas de revistas estrangeiras, reivindicou o seu livre arbítrio”, comemorou através de um comunicado na sua conta do Twitter. Ele também prometeu conquistar um resultado “histórico” no segundo turno, quando enfrentará o opositor Kemal Kilicdaroglu, que alcançou 44,89 por cento dos votos. O vice-porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel, respondeu às acusações de Erdogan de que os americanos trabalharam com a oposição para derrubá-lo. Isso, garantiu Patel, é “absolutamente falso”.

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