Rússia acusa EUA e conflito deve se intensificar

Mais: Fascismo – Um perigo real / A coroação de Charles 3º e a saudade do feudalismo / OMS declara oficialmente o fim da emergência da pandemia de Covid-19.

Vídeo compartilhado pela Nexta TV mostra momento em que drone atinge Kremlin / Foto: Reprodução-Redes sociais via O Globo

Nesta quinta-feira (4), o Kremlin sofreu o ataque de dois drones que teriam como alvo o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin. Os aparelhos não chegaram a causar danos materiais ou humanos. No mesmo dia, depois de afirmar não ter dúvidas de que o ataque foi obra da Ucrânia, a Rússia acusou os Estados Unidos de estarem por trás do ataque ao Kremlin e de outros ataques em território russo, reportou a agência EFE. “Sabemos que as decisões sobre os ataques não são tomadas em Kiev, mas em Washington”, afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, em entrevista coletiva telefônica diária. Segundo o porta-voz, os Estados Unidos “decidem os alvos e os meios e Kiev executa, Kiev nem sempre tem autorização para escolher os meios”. Peskov afirmou que Moscou está “perfeitamente consciente” deste fato e que Washington tem de compreendê-lo. O porta-voz do Kremlin afirmou que está ocorrendo uma “investigação exaustiva” sobre a tentativa de ataque com drones ao Kremlin e que a resposta da Rússia será “equilibrada e de acordo com os interesses” do país. Quanto à reação do presidente russo ao ataque, Peskov disse que, em situações extremas, Vladimir Putin “se mantém sempre calmo, concentrado e claro nas suas avaliações e ordens”. O porta-voz da presidência russa confirmou mais uma vez que o desfile de 9 de maio na Praça Vermelha, no qual Putin discursará, permanece inalterado. O ataque ucraniano contra o Kremlin, a anunciada contraofensiva ucraniana, a acusação por parte da Rússia de envolvimento dos EUA, inclusive com o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente da Federação Russa, Dmitri Medvedev, propondo abertamente a eliminação física de Vladimir Zelensky, são fatos que apontam para uma escalada do conflito, tornando cada vez mais distantes um cessar-fogo e negociações de paz.

Fascismo – Um perigo real que faz parte do nosso dia a dia

Na Súmula Internacional desta quarta-feira (3), expressei a preocupação com o número de mercenários estrangeiros que lutam em defesa do regime neofascista de Kiev e o perigo que representarão, em um futuro próximo, os milhares de neonazis que sobreviverem voltando para seus países com experiência de combate, radicalizados e com autoridade política. Sim, autoridade política, pois o Ocidente em coro os saúda hoje como “lutadores pela liberdade”. Nesta quinta-feira, um jovem sérvio de 21 anos atirou a esmo enquanto estava em seu carro matando oito pessoas e deixando feridas outras 14. Uma imagem divulgada pelas autoridades da Sérvia mostra o assassino vestindo uma camiseta com a inscrição “Generation 88”. O número 88, na linguagem dos grupos neonazistas, quer dizer “Heil Hitler!” (o “h” é a oitava letra do alfabeto). No dia anterior, também na Sérvia, um jovem de 13 anos matou 9 alunos e professores, ferindo outras sete pessoas.

Continuação Fascismo – “Não é assim que homens brancos lutam”

Foi notícia internacional a demissão, no dia 24 de abril, do jornalista de extrema-direita da Fox News, Tucker Carlson, um dos mais populares apresentadores do canal. Agora veio à tona uma mensagem de texto de Carlson onde ele, ao assistir um vídeo onde apoiadores brancos de Donald Trump aparecem espancando violentamente um jovem antifascista, comenta, reprovando o fato de que são vários contra um: “não é assim que homens brancos lutam, é desonroso”. A mídia comercial tenta passar a imagem de que a descoberta do texto foi um dos motivos da demissão. Mas durante todos os quase sete anos em que apresentou o “Tucker Carlson Tonight”, Carlson falou coisa pior e ao vivo. Ele defendeu um adolescente que atirou contra um protesto do Black Lives Matter, chamou as mulheres de “cadelas”, disse que os iraquianos eram “macacos primitivos”, etc. Ou seja, sempre foi agudamente racista, misógino e xenófobo. Na verdade, a Fox, assim com a Jovem Pan no Brasil, resolveu, para não prejudicar os negócios, se “higienizar”, depois da vitória de Biden e de Lula respectivamente. Mas Carlson já recebeu várias propostas para voltar ao ar e contou com a solidariedade de figuras que se intitulam “liberais”. O problema é justamente a naturalização, que continua existindo, em relação à presença de figuras ostensivamente fascistas, como Carlson nos EUA e tantos outros no Brasil e pelo mundo, principalmente em meios de comunicação de massa. Esses personagens concretamente preparam o terreno para que o desfile das suásticas volte a ser um evento oficial, como já é na Ucrânia. A derrota de Trump nos EUA e a de Bolsonaro no Brasil estão longe de significar que o perigo do neofascismo está afastado. Não existe alternativa, neste caso, que não o combate frontal ao fascista e ao fascismo e a denúncia constante dos que com eles flertam, seja minimizando a ameaça, seja com incentivos discretos. Parafraseando a conhecida advertência de Bertold Brecht: “a cadela do fascismo está no cio novamente”*.

A coroação de Charles 3º e a saudade do feudalismo

Embora diversas pesquisas revelem o desgaste da monarquia entre os britânicos, o tom da mídia hegemônica em relação à cerimônia de coroação do rei Charles 3º, neste sábado (6), continua sendo, com poucas exceções, o de um súdito deslumbrado. Um deslumbramento que não é compartilhado pelo povo inglês. A Folha de S. Paulo, na edição desta sexta-feira (5), de forma bem discreta, traz uma pesquisa mostrando que 64% dos britânicos dão pouca importância (35%) ou nenhuma importância (29%) à cerimônia de coroação e que apenas 32% acham que deveria ser gasto dinheiro público na real pajelança. Mas calma. Se os britânicos não dão importância, a mídia hegemônica não fala de outra coisa. A Folha começa a matéria de hoje, do jornalista Ivan Finotti, da seguinte forma: “Quando, neste sábado (6), a partir das 7h (11h em Londres), você estiver assistindo à cerimônia de coroação de Charles 3º, 74, na Abadia de Westminster, preste atenção ao ‘coro de milhões’“. Notem que o articulista não é sequer capaz de imaginar que você tenha algo melhor para fazer no sábado, às sete da matina, do que assistir, com lágrimas nos olhos, à coroação e, quem sabe, se juntar “ao coro de milhões”, que fará o juramento de fidelidade ao rei e aos seus descendentes, tornando-se um orgulhoso vassalo da família real.

A coroação de Charles 3º e a saudade do feudalismo II

“Como era boa a relação ‘trabalhista’ entre servo e nobre”, suspira nostálgica a mídia hegemônica

No Briefing Diário da agência Reuters, nada menos do que as oito primeiras notícias principais são referentes à coroação. Em determinado momento a Reuters dá um furo de reportagem: “depois de anos sendo retratada como a mulher mais odiada da Grã-Bretanha, Camilla, a segunda esposa do rei Charles será coroada rainha, consagrando uma notável reviravolta na aceitação pública que poucos imaginariam ser possível”. Ora, a Camila não passou em qualquer votação ou enquete para receber o título de rainha. A própria matéria informa que “pesquisas indicaram que apenas uma minoria achava que ela deveria ser a rainha Camilla”. Diante disso, o que a agência de notícias britânica tenta incutir sorrateiramente ao falar de “reviravolta na aceitação pública” é que o fato de ela se tornar rainha consorte (gostem ou não), automaticamente a tornará amada. A mídia hegemônica, brasileira ou estrangeira, tem motivos para ter saudades do feudalismo, afinal, como eles vivem defendendo em seus editoriais que “diminuir os direitos trabalhistas é reduzir custos e aumentar a competitividade”, convenhamos, neste aspecto de redução dos direitos dos trabalhadores, a servidão feudal é praticamente imbatível, só perdendo para a escravidão, método que a família real, sempre eclética, também utilizou sem pudor para acumular sua imensa fortuna.

OMS declara oficialmente fim da emergência da pandemia de Covid-19

Nesta sexta-feira, após mais de três anos e quase 7 milhões de mortes, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que a Covid-19 não é mais uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (Espii). A emergência foi proclamada em 30 de janeiro de 2020. Desde então, a OMS mantinha a posição de que a infecção continuava representando um risco mundial. Isso mudou somente com a última reunião, ocorrida nesta quinta, em que o grupo observou que a doença não representa mais uma preocupação para a saúde pública a nível mundial, porém, adverte que o coronavírus ainda exige cuidados e que novas ameaças pandêmicas podem surgir. Com informações do Jornal Folha de S. Paulo.

* A frase original de Brecht é “a cadela do fascismo está sempre no cio”.

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