Bolsonaro deixou 90 milhões de remédios prestes a vencer

Itens adquiridos durante o governo de Jair Bolsonaro tem lotes que vencem em julho e incluem de remédios para HIV a contraceptivos

Ministério da Saúde armazena cerca de 1,4 bilhão itens no centro de distribuição em Guarulhos (SP) | Foto: Myke Sena/Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde enfrenta um grande desafio com cerca de 90 milhões de itens vencendo até o final de julho. Segundo apuração da Folha de S.Paulo, o estoque herdado do governo Jair Bolsonaro (PL) inclui remédios para HIV, vacinas, contraceptivos e medicamentos do “kit intubação”.

A equipe da ministra Nísia Trindade está negociando com a indústria a troca de parte desses produtos, enquanto uma lista completa de itens do SUS, armazenados na central de distribuição de Saúde em Guarulhos (SP), está sob sigilo desde 2018. E foi mantida dessa forma pelo atual governo.

A Folha obteve a relação dos produtos estocados em meados de abril, mostrando que a pasta armazenava 4,5 milhões de comprimidos de darunavir 600 mg, produto usado no tratamento de HIV e entregue em caixas de 60 unidades, com validade até o final de maio. Esse lote representa cerca de 20% do total de uma compra feita em 2020 e é avaliado em R$ 26 milhões.

A Saúde afirma já ter pedido a substituição de 3,7 milhões de comprimidos do fármaco. A equipe da ministra culpa a gestão anterior pelo acúmulo de produtos próximos do vencimento, afirmando que foram feitas várias compras sem planejamento e sem esforço para entregá-las dentro do prazo. Para a nova gestão, foram entregues 160 milhões de itens, avaliados em R$ 981,8 milhões, com validade de janeiro a julho.

Mais remédios vencendo

Segundo levantamento, o Ministério guarda também cerca de 7,1 milhões de frascos de imunizantes de doenças diversas que vencem no final de julho, incluindo 4 milhões de vacina meningocócica, que protege crianças contra meningite, e 900 mil frascos de vacinas da Covid.

No mesmo período, vencem cerca de 10 milhões de unidades de sedativos e outras drogas usadas na intubação de pacientes. Em nota, a Saúde afirma já ter conseguido evitar a perda de 775,3 mil unidades desses produtos com doações ou entregas a entes vinculados ao SUS. Os fármacos foram adquiridos em larga escala, porém, com atraso, quando o SUS ficou desabastecido do chamado “kit intubação” na pandemia.

O estoque da Saúde conta com cerca de 1,4 bilhão de itens, considerando também produtos com validade mais longa, sendo que agulhas e seringas, além de preservativos masculinos, representam mais da metade dos itens guardados. A mesma base de dados afirma que 56 milhões de pílulas anticoncepcionais, cerca de 2,6 milhões de cartelas, venceram até março.

De acordo com a Folha, o sigilo do estoque virou alvo do Congresso. Tramita na Câmara um projeto de lei, já aprovado no Senado, para determinar que os dados sejam apresentados na internet.

As informações sigilosas sobre o estoque revelam ainda a perda de medicamentos usados com frequência nos postos de Saúde. A gestão Bolsonaro deixou vencer 95 mil comprimidos de paracetamol 500 mg em setembro de 2022, remédio que chegou a ficar escasso no mercado no mesmo período.

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com informações da Folha de S. Paulo

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