Maior parte das obras atacadas no 8 de Janeiro foram recuperadas

Presidente do Iphan revela que obras atacadas por bolsonaristas já foram restauradas. O que não pode ser recuperado fará parte de “estratégia de memória”

Primeira obra restaurada depois da depredação. Quadro 'Trigal na Serra', de Guido Mondin, recuperada por Nonato Nascimento, do Laboratório de Restauração do Senado. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Enquanto mais de 100 golpistas pelos atos de 8 de Janeiro já se tornaram réus – outros 200 também devem ser acusados– e o ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento para a Polícia Federal, a maioria das obras atacadas durante os atos antidemocráticos já foram recuperadas.

De acordo com o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, em entrevista ao programa A Voz do Brasil, a maior parte das obras já foi restaurada em um trabalho conjunto com o com os acervos do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto.

Segundo Grass, o que não foi possível recuperar será mantido como “estratégia de memória”.

“Com apoio dos restauradores da Câmara, do Senado, do STF e do Planalto, praticamente o que era necessário e era possível foi restaurado. Têm alguns ajustes específicos, como tapeçarias, que talvez não sejam restauradas e sejam deixadas como estão, como estratégia de memória”, disse Grass.

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Em fevereiro, a senadora Leila Barros (PDT-DF) apresentou o Projeto de Resolução do Senado (PRS) n° 3 de 2023 que institui o Memorial em Homenagem à Resistência Democrática, em referência à tentativa de golpe e consequente depredação das sedes dos Três Poderes no dia 8 de Janeiro.

O projeto prevê que o memorial seja instalado no Museu do Senado, com instalações também em um corredor próximo ao plenário e conteúdo online na página do Senado na internet (Memorial Virtual).

Objetos protegidos em lei

Na entrevista, Grass ainda falou que o Iphan apoiou a criação da Lista Vermelha (Red List) feita pelo Conselho Internacional de Museus (Icom) que tem o objetivo de combater o comércio ilegal de arte no mercado internacional.

O Brasil é o 26º país com maior número de objetos culturais roubados. A Lista Vermelha do Brasil não é uma lista de objetos roubados. Os bens culturais retratados pela lista servem para ilustrar o patrimônio mais vulnerável ao tráfico ilícito.

 “A Red List é uma ferramenta para criar uma cultura sobre a importância desses bens e uma política integrada para que não sejam alvo de ilegalidade”, afirmou Grass.   

De acordo com o Iphan, com números trazidos pela Folha de São Paulo, foram recuperadas apenas 131 obras de um total de 1643 roubadas ou furtadas.

O documento lançado em fevereiro pode ser acessado aqui.

*Com informações Agência Brasil