Presidente do BC se mantém intransigente sobre juros

“Eu queria perguntar se ele sabe quanto custa um litro de leite. Quanto custa um quilo de arroz, um quilo de feijão?”, questionou Fabiano Contarato

Campos Neto durante sessão no Senado (Foto: Pedro França/Agência Senado)

Depois do início da sessão desta terça-feira (25), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, onde só ouvia amenidades de parlamentares bolsonaristas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, enfrentou uma artilharia pesada dos senadores que exigiram redução da atual taxa de juros de 13,75%, a maior do planeta.

Sob alegação de uma dívida pública alta, Campos Neto defendeu a atual taxa de juros considerada desproporcional com a realidade brasileira, pois são baixos os indicadores da atual inflação e da relação dívida/PIB.

Com intransigência dele, que indica motivação política, quem sofre é o povo brasileiro por conta da falta de investimento e, por conseguinte, ausência de crescimento econômico e geração de emprego.

Ele negou o componente político na decisão da taxa e afirmou que os juros subiram mesmo em ano eleitoral. Também disse aos senadores que não sabe quando a taxa básica de juros vai cair.

A sessão começou a esquentar com a intervenção do líder do PT na Casa, Fabiano Contarato (PT-ES), que tirou Campos Neto da área de conforto.

“Eu queria perguntar ao presidente do Banco Central se ele sabe quanto custa um litro de leite. Quanto custa um quilo de arroz, um quilo de feijão? Porque, com todo o respeito, nós temos que sair da Faria Lima e interagir com a população que mais precisa”, criticou o líder petista.

O senador afirmou que a equação é simples: com juros tão altos, o empresário vai preferir aplicar no mercado financeiro a investir recursos na própria empresa.

“Hoje temos aí 62,5 milhões de brasileiros e brasileiras abaixo da linha da pobreza. Uma desigualdade social e regional. E essa taxa de juros só vai aprofundar essa desigualdade”, previu Contarato.

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O senador Cid Gomes (PDT-CE) levou um quadro negro e apresentou dados econômicos. “No BC, as pessoas vêm e voltam para o mercado financeiro. Com todo o respeito: pegue o seu bonezinho e peça para sair”, disse o senador.

O parlamentar cearense afirmou que a política de Campos Neto é a do Robbin Wood às avessas, ou seja, tira dos pobres para dar aos ricos. “Essa ‘autonomia’ é só em relação ao povo. O atual BC, e seus juros extorsivos, só servem ao mercado financeiro!”, acusou.

“O desenvolvimento econômico do Brasil só virá com a revisão da taxa de juros, não tenho a menor dúvida! Não sou eu, não sou economista, sou até ortopedista, mas sofro na pele o que os meus amigos empresários, micro e pequenos empresários falam”, criticou o deputado Otto Alencar (PSD-BA).

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