Sudão: “resgatar a revolução de dezembro”

Mais: Paraguai – Entre o continuísmo e a “concertacion” / EUA – Nem Biden, nem Trump, apontam pesquisas / Milhares de Suecos protestam contra a Otan, entre outras notas.

O conflito entre duas facções militares do Sudão entra em sua segunda semana com mais de 420 pessoas mortas e 3.700 feridas, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Os atuais choques são fruto das divergências dos antigos aliados Fatah al-Burhan, líder sudanês, e Hemedti, como é conhecido o chefe do grupo paramilitar RSF (Forças de Apoio Rápido, em português). Em dezembro de 2019 uma revolução popular derrubou uma ditadura de 30 anos de Omar al Bashir, mas em 2021 os dois ex-aliados deram um golpe de estado, interrompendo o processo de redemocratização, que entre idas e vindas, avançava. O Partido Comunista Sudanês, uma das principais forças impulsionadoras da luta de 2019, emitiu uma nota ao povo sudanês. Leia os principais trechos: “o intenso confronto militar violento entre os generais do Comitê de Segurança e suas forças está expondo as massas de nosso povo ao perigo, à imprudência das ambições das forças contra-revolucionárias e a mais derramamento de sangue (…) As vítimas da contínua violência são as pessoas que têm lutado pelo prosseguimento da Revolução e pela conquista do pleno poder civil democrático. O caminho de volta à vida normal começa com um cessar-fogo imediato e abrangente, a saída de exércitos e milícias das cidades e vilas, mantendo-os longe das reuniões de cidadãos nas cidades e áreas rurais. O que está acontecendo agora é a continuação da luta pelo poder e pelas riquezas do país, incentivada por algumas potências estrangeiras, e levada a cabo por grupos armados subservientes a essas potências estrangeiras (…) eles estão espalhando confusão e medo entre os cidadãos. Neste contexto, o Partido Comunista considera necessário acelerar a dissolução de todas as milícias, recolhendo as armas distribuídas nas cidades e áreas rurais e reconstruindo um exército nacional profissional unificado (…) A união do nosso povo, de todas as forças patrióticas, das Forças de Mudança Radical e dos Comitês de Resistência em apoio aos objetivos da Revolução e restabelecimento da paz, segurança e estabilidade é uma tarefa urgente. É a única base para acabar com a crise atual, recuperar a Revolução e estabelecer o poder do povo. Neste contexto, o Partido Comunista apela ao nosso povo para proteger os bairros e áreas residenciais. O Partido Comunista Sudanês também convoca os povos do mundo e as forças democráticas e comunistas a erguer as bandeiras de solidariedade com a luta do povo sudanês e a conter as forças hostis à gloriosa Revolução de Dezembro”.

Paraguai: Entre o continuísmo e a “concertacion”

No próximo domingo, dia 30, o Paraguai elegerá o novo presidente da República. No Paraguai não existe segundo turno e o vencedor do dia 30/4 assumirá à presidência em 15 de agosto, com mandato até 2028. Segundo a maioria das pesquisas, dois candidatos disputam o primeiro lugar: Santiago Peña, da direita governista, e Efraín Alegre, da Concertacion, uma aliança oposicionista que inclui a Frente Guasu, principal partido da esquerda, liderada pelo ex-presidente Fernando Lugo. Também serão eleitos 17 governadores, 45 senadores e 80 deputados. O Paraguai tem uma longa história de hegemonia do Partido Colorado, que governou o país por 61 anos consecutivos, inclusive durante o período da ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989). Esta hegemonia só foi interrompida em 2008, com a eleição de Lugo, que, no entanto, sofreu um golpe parlamentar em 2012 e não completou o mandato. As pesquisas mostram Santiago Penã alguns pontos à frente de Efraín Alegre. O candidato que vem em terceiro é Payo Cubas, ex-senador, representante da ultradireita. Com um discurso antissistema e antipolítica, Cubas aparece em pelo menos uma pesquisa à frente de Efraín e alguns analistas apostam que ele pode crescer no final. O Partido Comunista Paraguaio não está apoiando qualquer candidatura presidencial, mas coloca como meta derrotar o candidato colorado, por isso, a tendência é que peça votos, nos dias finais, para Efraín. Najeeb Amado, secretário-geral do PC Paraguaio, é candidato a senador pela Lista 40, opção 15. Uma nota à margem: caso Efraín vença, Taiwan perderá o último ponto de apoio na América Latina, pois o candidato oposicionista já declarou que pretende estabelecer relações com a China, caso chegue à presidência.

EUA: Nem Biden, nem Trump, apontam pesquisas

A maioria dos americanos está cansada e rejeita a candidatura do presidente Joe Biden à reeleição, mas também não quer que seu antecessor, Donald Trump, volte à Casa Branca, dizem pesquisas. Segundo uma pesquisa da NBC News, 60% dos cidadãos do país acreditam que Trump (2017-2021) não deve tentar voltar ao Salão Oval, incluindo cerca de um terço dos membros do Partido Republicano. Trinta por cento daqueles que levantam sua oposição citam as acusações criminais enfrentadas pelo magnata em Nova York como um motivo “importante”. Ao mesmo tempo, 70% dos entrevistados acreditam que Biden também não deve aspirar a um segundo mandato, 51% deles são eleitores do Partido Democrata. 48 por cento dos que não apoiam que o atual presidente opte por um segundo mandato defendem a questão da idade como elemento essencial. Os últimos resultados coincidem com outras pontuações que revelam pouco entusiasmo por Trump ou Biden, que supostamente terão uma revanche em 2024. O ex-presidente lançou sua campanha no dia 15 de novembro, dias após as eleições de meio de mandato, e Biden deve anunciar oficialmente sua entrada na disputa pela reeleição nesta terça-feira. Um estudo do Yahoo News/YouGov descobriu que 38 por cento dos entrevistados disseram que se sentiam “exaustos” com a perspectiva de um confronto direto entre Biden e Trump no ano que vem. Informações da agência Prensa Latina.

Milhares de Suecos protestam contra a Otan

Hispantv informa que milhares de suecos foram às ruas do país europeu em protesto contra a adesão de seu governo à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Os protestos acontecerem em 17 cidades em todo o país no sábado (22). Só na cidade de Gotemburgo, localizada na costa oeste da Suécia, a polícia estimou mais de 2.500 pessoas que carregavam cartazes e faixas com mensagens como “Não à OTAN” e “Pare Aurora 23”, em referência aos exercícios militares em andamento com a participação de países do bloco militar. Os manifestantes bloquearam o transporte público em vários lugares e gritaram “Nem um único soldado, nem um único rifle, nem uma única coroa para o Exército da OTAN”. Segundo Nellie Puig, uma das manifestantes, a OTAN não é uma aliança defensiva, “a OTAN nada mais é do que a máquina de guerra dos Estados Unidos“, afirmou. A Suécia apresentou sua candidatura como membro da OTAN em maio do ano passado, em meio ao conflito em andamento na Ucrânia. No entanto, não conseguiu ingressar na Aliança devido à recusa da Turquia e da Hungria. Porém, no dia 20/4 o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, declarou que a Suécia ingressaria na OTAN em meados de julho. “A Suécia se juntará à OTAN antes da próxima cúpula da organização, marcada para julho“, comentou.

EUA: O retorno ao trabalho infantil

O senado do Iowa, estado dos EUA, aprovou, no dia 18/4, uma lei que permite que crianças e jovens com menos de 16 anos trabalhem 6 horas por dia, inclusive em funções perigosas, como demolições, escavações e montagem de telhados. O projeto foi aprovado por ampla maioria (32 contra 17). A governadora Republicana, Kim Reynolds defendia a medida com o argumento de que “o trabalho ensina muito às crianças, e se elas tiverem tempo para o fazer e quiserem ganhar algum dinheiro adicional, penso que não o devemos desencorajar”. Com a lei, jovens a partir dos 14 anos terão o “direito” de trabalhar até seis horas por dia, inclusive em serviços perigosos ou insalubres. Pelo menos 10 estados norte-americanos já aprovaram, ou tencionam aprovar, medidas para liberalizar o trabalho infantil. “Há cerca de 120 anos decidimos, enquanto sociedade, que queríamos que as crianças passassem a maior parte do seu tempo na escola e não num local de trabalho. Especialmente não num local de trabalho perigoso”, lamentou o sindicalista Charlie Wishman, presidente da Iowa Federation of Labour. “Não precisamos de mais crianças a trabalhar em indústrias e fábricas de embalagens”, afirmou Jesse Case, tesoureira do maior sindicato do estado, por ocasião de um protesto contra a medida: “Precisamos, sim, de pagar salários mais elevados aos pais destes jovens, para que as crianças não tenham de trabalhar em fábricas”. Informações do site abrilabril.

França: Em resposta a Macron, sindicato quer “100 dias de ação e Ira”

A Federação Nacional de Minas e Energia (FNME) anunciou que o Festival de Cinema de Cannes, o torneio de tênis de Roland Garros e o Grande Prêmio de Mônaco “podem terminar na escuridão”. A FNME, um dos sindicatos franceses que integra a Confederação Geral do Trabalho (CGT), anunciou nesta sexta-feira o lançamento dos “100 dias de ação e ira“, em resposta a Macron que prometeu 100 dias de apaziguamento. Citando os “métodos antidemocráticos” do presidente francês que aprovou uma reforma da previdência sem passar pelo parlamento. Como parte de seu protesto, a FNME ameaçou cortes de energia durante eventos de interesse global. Informações da ActualidadRT.

 Ajuda humanitária para os ricos

A Oxfam, uma das maiores organizações não-governamentais de luta contra a pobreza no mundo, estudou dados fornecidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e descobriu que, em 2022, os países mais ricos ficaram com 30 bilhões de dólares destinados à ajuda humanitária: 14,4% do total mundial. Marc Cohen, perito em ajuda humanitária da Oxfam, diz que “Os países responsáveis pelas doações transformaram as suas promessas de ajuda numa farsa. Não só não entregaram mais de 193 bilhões de dólares com que se tinham comprometido, como também canalizaram quase 30 bilhões de dólares para os seus próprios bolsos”. Em 2022, apenas 5 países (Luxemburgo, Noruega, Alemanha, Suécia e Dinamarca) honraram as suas promessas. O grau de ajuda ao desenvolvimento dos países mais pobres do mundo “permanece muito abaixo do que é necessário para acabar com a pobreza até 2030, cumprindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, lamenta a Oxfam. Informações do site abrilabril.

Autor