Governo diz que CPMI será pá de cal na narrativa conspiratória

O ministro Alexandre Padilha disse que a instalação da comissão não vai atrapalhar o calendário de votações dos temas prioritários como o arcabouço fiscal

(Foto: Marcelo Camargo ABr)

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta quinta-feira (20) que o governo vai apoiar a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar os atos golpistas de 8/1.

“A CPMI será uma pá de cal na narrativa conspiratória que tentam construir sobre os atos golpistas de 8/1. Nós queremos as apurações completas dos acontecimentos para combater a cultura de ódio, inflada pelo ex-presidente”, disse.

Padilha também observou que a instalação da CPMI não vai atrapalhar o calendário de votações dos temas prioritários do governo, como o arcabouço fiscal.

O ministro enfatizou que o governo estancou um golpe que queria impedir que o presidente legitimamente eleito assumisse o poder.

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Depois do vídeo vazado em que o general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, aparecia dentro do Palácio do Planalto durante a invasão, a oposição bolsonarista subiu o tom a favor da CPMI sob alegação de houve conivência do governo com os atos.

“O vazamento editado dessas imagens cria uma nova situação política e, por conta disso, orientamos e o líder na Câmara, o líder no Senado e o líder no Congresso, no diálogo com os líderes dos partidos que compõem a base tanto na Câmara do Senado, a afirmar claramente, desde ontem, que caso a sessão do Congresso na próxima semana tenha a leitura da instalação de uma CPMI, nós apoiaremos a instalação”, afirmou Padilha.

De acordo com ele, foi correta a ação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de determinar que Gonçalves Dias seja ouvido pela Polícia Federal (PF) em 48 horas. “Mais uma prova que nossas instituições democráticas estão funcionando”.

A deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, disse que agentes filmados colaborando com invasores do Planalto eram do governo Bolsonaro, do GSI do general Augusto Heleno, que ainda não haviam sido substituídos.

“O general Gonçalves Dias sai, mas as investigações continuam. Não adianta vir com armação: Invasores, terroristas e golpistas eram todos da turma de Bolsonaro. Vão pagar por seus crimes”, reagiu a parlamentar.

“O país sabe que eles patrocinaram e executaram a tentativa de golpe. A narrativa deles não cola. Vocês sabem que têm vários vídeos de deputados bolsonaristas convocando para a tentativa de golpe. As investigações estão a pleno vapor. Já tem ex-ministro da Justiça preso e militares. Queremos uma investigação ampla, geral e irrestrita. Doa a quem doer”, defendeu o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também defendeu uma investigação profunda do caso.

“Queremos a CPMI do golpe. Vamos para essa investigação com força. Queremos porque no dia 8 de janeiro tivemos três vítimas: a República, a democracia e o atual governo. Não fomos os algozes, mas as vítimas”, afirmou.

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